Uma aliança é um pacto, um contrato. Deus fez um pacto com o povo. Um pacto de obediência e de bênçãos. Se o povo lhe fosse obediente e fiel, ele o salvaria. Mas o povo não cumpriu sua parte e o contrato, portanto, se rompeu. Mas em Cristo a representação foi plena. Deus requereu dele a obediência plena e completa, e Cristo lhe foi “obediente até à morte e morte de cruz”. Portanto, Cristo foi o único quem cumpriu a aliança e fez cair sobre ele todos os pecados daqueles a quem Deus escolheu para serem seus filhos, o seu povo.
Essa nova aliança apresenta características muito singulares que estão expressas na profecia de Jeremias:
a) Ela é diferente da aliança feita com os nossos pais na época da libertação do Egito. Naquela época, muitos abandonaram e não continuaram na aliança (v.9). Na nova aliança, não há possibilidade de deserção para quem, verdadeiramente, foi comprado pelo sangue sacerdotal de Cristo. Herman Bavinck escreveu: “A aliança da graça é unilateral, indissoluvelmente arraigada nas promessas misericordiosas do Deus soberano. Deus não pode quebrar sua promessa. Ele jurou por si mesmo sustentá-la”.
b) Ela é diferente da aliança feita com os nossos pais, porque a impressão das leis, dos princípios, das regras de vida não será em pedras, como foi em Moisés, mas na mente e no coração (v.10). Nós nos tornamos as pedras vivas, o santuário do Deus altíssimo.
c) Ela é diferente da aliança feita com os nossos pais, porque a revelação será plena, completa, não haverá mais necessidade de que alguém nos ilumine a mente, uma vez que Cristo é a plenitude da divindade, quem o vê verá a Deus plenamente (v.11). No capítulo 1 de Hebreus, o escritor nos disse: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser” (Hb 1.1). Calvino escreveu: “Quando você ouve que o Filho é a glória da glória do Pai, tenha em mente que a glória do Pai lhe é invisível até que ela resplandeça em Cristo. E essa é a razão por que ele é chamado a própria imagem da substância divina, porque a majestade do Pai é oculta, até que ela se revele como uma expressão da própria imagem divina... O fulgor da substância de Deus é tão forte que fere nossos olhos, até que ela se projete na Pessoa de Cristo. Segue-se disso que somos cegos para a luz de Deus, a menos que ela nos ilumine em Cristo”.
d) Ela é diferente da aliança feita com os nossos pais, porque ela apagará definitivamente os nossos pecados – não apenas pecados sazonais, passageiros, mas a iniquidade, aquela casta pecaminosa que nos torna inimigos de Deus. Deus não mais se lembrará – não nos acusará – dos nossos pecados. Paulo disse que “nenhuma acusação existe para os que estão em Cristo Jesus”. Ele disse que “o que era impossível à lei, Cristo cumpriu em sua própria carne, para que a exigência da lei se cumprisse em nós” (Rm 8.1-4). A exigência da lei era que o ofensor morresse. Cristo, embora não sendo o ofensor, mas admitindo sê-lo em nosso lugar, morreu e cumpriu a exigência da lei. Assim, os que estão em Cristo estão vivos para sempre.
e) Ela é diferente da aliança feita com os nossos pais, porque ela promete a presença de Deus para sempre conosco, não apenas por um tempo – como as nuvens e colunas de fogo no deserto. “Eu sei o seu Deus e eles serão o meu povo” (v.10). Essa é uma promessa sem precedentes. É a maior das esperanças: os crentes estarão com o seu Deus para todo o sempre na eternidade do céu. Ele nos enxugará dos olhos toda lágrima, não haverá dor nem morte, nem fome. Todas essas coisas passarão. Deus mesmo estará conosco. Para sempre. E sempre.
E então no versículo 13 ele resume todo o seu ensino dizendo que, se Jeremias disse “uma nova aliança”, sua intenção era mostrar que a primeira aliança se tornaria ultrapassada, antiquada e, portanto, sem qualquer validade. O argumento dele é “o que se torna envelhecido está prestes a desaparecer”.
O texto nos leva a pensar sobre o compromisso que temos com o nosso Senhor. Sabemos que nenhum outro representante pode nos conduzir ao céu senão Jesus Cristo. Não temos nenhum benefício fora de Jesus Cristo. Nenhum homem ou religião, nenhuma cerimônia religiosa pode nos dar a salvação, senão unicamente o ministério sacerdotal de Jesus Cristo. Então, em que cremos? No que estamos verdadeiramente firmados? Onde está fincada a nossa fé? Qual é a nossa esperança? Em que colocamos o nosso coração e a nossa mente? Se a resposta para todas essas perguntas não for “Jesus Cristo” somente, devemos repensar nossa confissão e nos arrepender de nossos pecados. Devemos nos voltar para ele para obtermos o mais precioso benefício que um sacerdote pode oferecer: a remissão completa de seus pecados e a vida eterna.
