Propósito, propósito, propósito. 

Toda vez que escuto essa palavra recebo um convite a repensar a vida, as minhas escolhas, o caminho tão árduo que fiz até aqui, e aqui nem parece ainda com o lugar que quero chegar.

Já repararam que a vida deixa pistas? 

Tal qual uma boa faxineira se mede pelos cantos, a vida e seus propósitos se revelam nos detalhes. 

Fico feliz por quase um minuto.

Um dia é sempre o último dia e eu queria ter tempo para amar mais e mais e mais. 

E fazer mais um bocado de coisas que passam pela minha cabeça e que hoje em dia chamam por alguma sigla tal qual TAG ou TDAH que são comorbidades do TEA. Aí penso em como siglas podem ser excludentes e isso já me leva a pensar que sou mesmo muito problematizadora. Ou militante. Também já ouvi o tal do “combateira”. Moc tem sua própria linguagem e eu amo isso.

Uma linguagem feita do Norte de Minas todo, e mais o sul da Bahia.

Bom ser norte-mineira sul abaianada e ter nascido aqui nessa cidade que me desafia e me abraça quase que na mesma proporção.

Talvez meu propósito esteja muito ligado a isso, e ao mesmo tempo se parece com um carma. Destino e carma se alinham? Deus vai dizer. 

Pisco e percebo, já é quase agosto.

Agosto tem vento, frio e catopês. Gabriela também.

E tem fitas fitando o céu e muita poesia no rosto daqueles moradores que resistem dia após dia, até quando agosto vai embora. 

Gosto daqui. Mesmo nesse frio. Nessa falta de tom amarelo. 

Queria pintar tudo de amarelo e acender uma lâmpada que resplandecesse tudo, igual aos dias de sol na primavera.

Primavera aqui costuma ser bem quente.

Ainda sim, tenho curtido o pôr-do-sol mais colorido e adiantado do Corredor. O frio deixa as cores mais intensas. São roxos, rosas e alaranjados tão agudos que todos os pássaros se sentem invejados por cores tão límpidas. E lânguidas. Chegam a ser violentas.

E já repararam como a violência só aumenta? Eita, Montes Claros.

Te vejo tanto no que ainda não é…

Mas merece, ô se merece!!!