A Borboleta e o Pássaro

Era uma vez uma borboleta. Ela não era uma borboleta qualquer, de asas coloridas e pele verde-marrom. Era uma borboleta encantada, de brancura perolada e cabelos ruivo florescentes que lembravam chamas. Tinha grandes olhos esbugalhados cor de oliva que lhe davam um ar angelical.

Em uma noite qualquer, Síria (esse era seu nome) voava e farfalhava em uma floresta escura, sombria, como costumava fazer em noites de lua cheia. Mal sabia ela do seu vil destino.

Cansando-se do seu longo voo, pousou em uma arvore, ela não sabia, não sabia, mas ali naquela árvore morava o pássaro mais bonito do vale, e ele era tão cruel quanto belo. Síria, que sabia da fama galante do pássaro, e encantada por notar suas penas inconfundíveis, pôs-se a observá-lo cantar. Desde então, Síria em segredo voltava à floresta, em noites de lua cheia e também nas noites comuns. Ficava por horas a fio observando seu amado pássaro a cantar.

Em uma dessas noites, por descuido, ao voar desatenta pela floresta sempre tão escura, deu de cara com o próprio, o belo Almíscar. O que ela não sabia, e que todos sabem, é que pássaros adoram borboletas.
 
A Corça Encantada.
Era uma vez um cervo. Bem, eu acho que era um cervo, mas podia ser algo como um veado ou um alce. Tinha chifres, enfim. Um cervo não, uma corça. Uma corça linda e castanha, as sardas por todo o corpo – que era azul e roxo, lilás e rosa -, seus cabelos eram de um castanho avermelhado, vivo como seus olhos azuis-esverdeados.

Ela morava em uma montanha distante, bem distante da cidade e de seu amado. Ela não era uma corça como as habituais corças são: todas as vezes que falava, da sua boca saiam flores e pedras preciosas. É uma pena, que deste modo, todas as vezes que ela tentava se aproximar do tal cervo, e falando aquelas doces palavras, apedrejava-o e cortava-o com suas íngremes e pontiagudas quinas de diamante.

(As flores de nada adiantavam).