Eu vou publicar no jornal nossa história de amor.
E falar que tudo não passou de sorte de cara, que por algum motivo a margarida nasceu e enraizou como se fosse aquela planta que seu amigo falou, que vai cortando e ela vai nascendo sem nunca ter fim. Uma raiz profunda demais. Chamou até de praga. Vou te comparar com esse tipo de praga: que a gente ama fazer que odeia só pra depois amar mais.
Você no carro, enfurecido por eu não perceber os sinais e a surpresa que foi essa descoberta, pra mim, assim, que uma situação pode ser às avessas pro outro sem deixar nem pista. Te amei tanto esse dia. E depois os dias foram ficando quentes na cidade, não me lembro se setembro era assim ou eu estou endoidando. Quente até pra mim. Quente até pra Montes Claros e nisso o motorista da Uber achou graça “eu quero que esquente mais” e virou espantado pra ver quem tinha essa cara ensolarada e o desplante quase performático para fazer uma alegação tão absurda. Uma atriz? Será que veio de Marte? Não posso afirmar, mas acho que ele ficou satisfeito a visão. Eu cumpro o papel. E ao longo do dia são vários…
Do momento em que abro os olhos e ainda existe muito sono e o corpo não descansou tudo, tem a Sarah que decide levantar e a que espreguiça pedindo mais cinco minutos. Quando visto a capa de mulher maravilha e encontro alguém na multidão ensolarada do quarteirão do povo, tem a que se orgulha exibida e a que se esconde dentro dos olhos. Quando o corpo cansa e diz chega, tem a que decide o limite e apaga as luzes e a que no final faz as pazes. Se eu decidir largar tudo quem vai chorar com saudade?
- Pelo menos está ventando. E aí a poeira toda…. Engraçado que sempre tem um mas, né? Mas mas mas. A sorte é o sol. Aí eu tô na rua, a cara vermelha e pedir água nos lugares que entro pra comprar alguma coisa ou pedir uma informação. É inacreditável a cara que eles fazem, dá gosto viver. Rezo pra que nos cruzamentos você me encontre.