Minha cidade, sinto o calor único desse lugar que chamo de lar. Cidade linda, com vários lugares agradáveis, de gente de riso fácil, que muito me enche de orgulho com seus inúmeros artistas que falam de um mesmo amor com gosto de pequi e cabeça ensolarada. No entanto, entre os encantos que a cidade oferece, encontro desafios que ecoam as experiências de famílias autistas como a minha. 
Nos shoppings onde tudo é tão convidado, o brilho das vitrines ofusca uma realidade um pouco menos “brilhosa”, com filas sem preferência, funcionários mal instruídos e pouca iniciativa para resolver esses problemas. 
Ao explorar os circos e parques, espaços destinados à alegria e diversão, percebo a ausência de acessibilidade. Montes Claros, como tantos lugares, ainda precisa ajustar-se para incluir plenamente famílias autistas. Parques sem estruturas que considerem nossas necessidades únicas e circos que nem sempre compreendem a diversidade e sequer respeitam as leis.
Aqui, onde cada rua conta a história da minha família, vejo que a falta de entendimento sobre o autismo não é apenas uma barreira, mas uma oportunidade perdida. Cada desafio é um lembrete de que, mesmo nos lugares mais familiares e cotidianos, ainda há um caminho a percorrer para que a inclusão seja realidade, não exceção.
Na contramão do capitalismo, fica a esperança de que os shoppings possam tornar-se mais do que centros de consumo, mas verdadeiros espaços de inclusão, onde a diversidade é reconhecida e respeitada. O sonho de parques e circos que não apenas abram suas portas, mas também seus corações, compreendendo as nuances que tornam cada ser humano único, independente da sua condição. 
Pode Montes Claros ser um exemplo de como a conscientização pode transformar não apenas o ambiente físico, mas os corações e mentes de todos. Cada pessoa autista merece mais do que simplesmente existir — merece viver plenamente, em cada aspecto da comunidade que chama de sua. Que possamos construir uma cidade onde as diferenças sejam celebradas. Que esta cidade, com sua rica tapeçaria de experiências, seja um farol de inclusão, iluminando o caminho para um futuro onde todos possam participar plenamente na dança da vida.

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