Diariamente, acordamos e seguimos nossas rotinas sem perceber o peso invisível que carregamos. Lavamos o rosto sem nos ver, corremos sem ouvir o próprio coração e assim, vivemos tempos em que fazer vale mais que ser, e o barulho de fora cala o silêncio de dentro. Por isso, convido você a refletir: cuidar da saúde mental não é luxo, é urgência. É uma rebeldia contra o adoecimento silencioso, que não se resolve com respostas prontas, mas se sustenta nas perguntas que nos atravessam.
O sofrimento emocional nem sempre é visível, pois ele pode se manifestar em tristezas prolongadas, noites de ansiedade ou na sensação de solidão, mesmo quando estamos cercados de pessoas e justamente por ser silencioso, muitas vezes passa despercebido. Por isso, é essencial cultivar hábitos de cuidado e atenção à saúde mental no nosso dia a dia.
Cuidar da mente é um ato de coragem e autocuidado, o que significa reconhecer quando não estamos bem, mesmo diante das pressões da rotina e falar sobre nossas dificuldades não é fraqueza, é parte da nossa humanidade, e um passo importante para preservar a saúde mental.
As nossas relações refletem nosso mundo interior onde expressamos afeto de formas distintas: com silêncio, com pressa ou na busca por atenção. Quando a mente está sobrecarregada, é comum nos isolarmos e por isso, cuidar da saúde mental também significa fortalecer vínculos e cultivar relações mais autênticas e saudáveis.
Vivemos em uma sociedade que valoriza muito o desempenho, mas isso nem sempre garante bem-estar. Muitas pessoas seguem produtivas, mas ao mesmo tempo cansadas e sem energia. Pausar faz parte do equilíbrio, e descansar é uma necessidade, não um defeito, logo precisamos ampliar nossa ideia de sucesso para incluir também saúde, bem-estar e a possibilidade de sermos humanos em nossa vulnerabilidade.
Por fim, cuidar da saúde mental é um ato de amor-próprio que reverbera no mundo. É reencontrar a criança que nos habita, dar nome às dores, criar espaços de escuta e reconstruir vínculos. Viver não é apenas resistir, é existir com inteireza.
*Psicólogo e orofessor do curso de Psicologia FASI