Conheci Téo Azevedo lá nos idos de 1957, ali no Roxo Verde, precisamente na rua hoje Afonso André, onde ele morava bem próximo à linha férrea. E ali num casarão, que já não existe, morava com sua mãe dona Clemência e seus irmãos Arnaldo e Beatriz Helena. Eu o conheci como Tiufim, e crescemos ali, onde brincávamos, especialmente a Beatriz, num gramado em frente o terreno, onde morávamos.
Passado algum tempo, eu me reencontrei com Beatriz na Agência do Ipsemg, onde ela trabalhou e me reencontrei com o Téo, nos meios culturais. O semblante era o mesmo, a mesma desenvoltura. Com aquele seu jeito de menino grande, ele se embrenhava no meio de todos, sem temer alguma vindita.
Nascido na zona rural em Alto Belo, distrito de Bocaiúva, no Vale do Jequitinhonha, Téo Azevedo vem nos alertar de que das regiões pobres e carentes saem grandes valores humanos para honrar seus cidadãos e enobrecer a sua Pátria. É casado com Maria de Lourdes Chaves (a Lola querida). Eu a conheci no Ginásio Montes Claros, onde hoje funciona a EE Francisco Sá. A escola sempre funcionou ali. O Ginásio Montes Claros funcionava no turno noturno e lá, eu fiz a quarta série ginasial, hoje é o nono ano. No ginásio Montes Claros, havia todo mês os grêmios lítero- artísticos e eu gostava de declamar. Aos poucos fui me tornando uma boa declamadora, pois a Lola me orientava como declamar, aguçando minha sensibilidade e o potencial que havia em mim. Hoje, eu amo declamar e minha mais incontestável experiência na declamação, foi num dia em que a Lola me desafiou: Declama uma poesia de meu pai! Grata mui grata, Lola querida!
Téo nasceu em 1943 completando nesse ano, 80 anos bem vividos. Em 2013, um disco sobre o Rei do Baião, Salve Gonzagão 100 anos, deu ao Téo Azevedo o prêmio Grammy na categoria Melhor Álbum Raiz, Las Vegas nos EEUU. Ele calcula ter mais de 2500 músicas gravadas, o que fez dele um recordista no Brasil. Produziu mais de 300 trabalhos e escreveu histórias da Literatura de Cordel, além de livros sobre a cultura popular.
Chama a viola de instrumento mais bonito do mundo e exalta a diversidade do Cerrado. Toca uma viola, que desfere uma melodia encontrada no peito, transida de amor, repleta de esperança. Nos eventos do Terno de Folias de Reis em Alto Belo, a viola do Téo chora as cantigas e relembra o mundo dos despatriados, que choravam a saudade de sua Terra. Dentre os CDs gravados, está o CD Cordas e Harmonia com 15 faixas instrumentais de chorinho. Apaixonado pelo Terno de Folias de Reis, ele não deixa de participar do mesmo, realizando uma festa animada e de beleza indiscutível, atraindo muitos devotos e curiosos que vêm de longe para apreciarem a festa. Ele diz que apesar dos 80 anos, ele não vai parar. Sente-se rejuvenescido para prosseguir.
Quero irmanar ao Téo Azevedo, o grande compositor e cantor Caetano Veloso e Roberto Carlos numa composição que parece ter sido para homenageá-lo: Força Estranha.
“Eu vi um menino correndo, eu vi o tempo
Brincando ao redor do caminho daquele menino
Eu pus os meus pés no riacho, e acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada e eu nunca passei
Por isso uma força me leva a cantar, por isso esta força estranha no ar
Por isso é que canto, não posso parar, por isso essa voz tamanha
Eu vi muitos cabelos brancos, na fronte do artista
O tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece
Aquele que conhece o jogo, do fogo das coisas que são
É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão
Por isso uma força me leva a cantar, por isso esta força estranha no ar
Por isso é que canto, não posso parar, por isso essa voz tamanha
Parabéns Tiufim! Parabéns Téo Azevedo!
Não para mesmo, viu? Pois enquanto você continuar com essa voz tamanha, nunca envelhecerá. E perpetuará o valor do sol, do tempo, da estrada, do pé e do chão.
Nós nos orgulhamos de você, correndo no caminho com o tempo, brincando ao redor do seu caminho e cantando, e criando, e se tornando o artista jovem, que você é, aos oitenta anos.