Terezinha Camposterezinhaorquidea@gmail.com

Quarteto em lágrimas

Publicado em 04/05/2023 às 21:11.

Conheci Terezinha Mendes Dias na EE Antônio Figueira, onde trabalhamos como colegas professoras. Tive a oportunidade de conviver com uma pessoa simples, observadora, discreta e empreendedora. Casada com Alberto, seu Belo, como era bem conhecido, como funcionário da Empresa Telefônica, ali naquele mesmo lugar, onde hoje é a OI, onde outrora foi a Telemig. Seu Belo vem dos primórdios da comunicação telefônica em Montes Claros.

Tiveram quatro filhos, quatro varões educados dentro dos princípios da moral e do cristianismo, devotados em amor, educação, bondade e respeito; lembro-me por ocasião da formatura do Luiz Alberto, o seu filho primogênito; era a formatura da 8ª série, hoje chamada de 9º ano. Após a missa ele fez um bonito discurso, onde entre outras coisas ele falou da beleza de estudar naquele colégio, o Colégio Marista São José, falou do convívio com os colegas, com os professores, dos momentos ali vividos uns com os outros. Mas ali num dado momento ele disse que ali haviam duas pessoas, sem as quais ele não teria chegado onde chegou e num ímpeto de grande emoção ele agradece:

-Obrigado papai! –Obrigado mamãe!

Eu estava à frente deles e olhando de relance para trás vi seu Belo enxugando as lágrimas; coisa linda de se ver e de permanecermos vendo num mundo de hoje; quando se devota amor, quando se tem amor é assim mesmo: a gratidão brota em louvor e reconhecimento. Foi um momento de grande comoção!

Outro testemunho impactante foi com o Marcelo, outro filho deles; foi por ocasião de um sorteio no Parque de Exposições João Alencar Athayde. Uma senhora deixou com ele o seu cupom de sorteio e pediu-lhe que se fosse agraciada ele recebesse o prêmio para ela; o prêmio era um carro e aquele cupom foi sorteado. Ele se apresentou para receber o prêmio e logo se aglomeraram em volta dele várias pessoas propondo comprar-lhe o carro; ao que ele dizia: o carro não é meu apenas o recebi para sua dona. E muitos tentavam a persuasão para que ele ficasse com o carro, mas ele não o fez.

Isso é família criada e ordenada nos padrões da dignidade, do amor e do respeito pelo que é do outro. Foram todos eles criados com disciplina, portadores da verdade, honestos em tudo. Junto a eles devo lembrar-me dos nomes do Carlos Antônio e do Alberto Dias Júnior, o Juninho.

A família é a esperança do mundo. Ela tem que tomar consciência de seu compromisso e de sua missão na construção da sociedade. É da plataforma básica da família, que se parte para os mais ousados voos, se a base for fraca, o voo será incerto, será inseguro.

No seu livro Comandos à Distância pág. 102 Joe L. Wheeler escreveu:” Dificilmente poderá existir um sentimento mais amargo do que o de verificar que perdemos por termos sido desonestos, aquilo que poderíamos ter ganho com a honestidade”.

No séquito que acompanhou o corpo da Terezinha Mendes Dias para sua derradeira morada terrena, quatro varões, seus quatro filhos empunharam o seu caixão e levaram-no; quatro homens fortes, mas que fraquejaram ante a dor e o sofrimento de tão grande perda. Deixaram que as lágrimas brotassem da amargura como em uníssono naquela harmonia silente e triste de quem se despede.

Um quarteto em lágrimas compridas e bem ensaiadas desde o dia em que eles vieram à existência e choraram ao sair do ventre materno alegrando àquela que lhes dera à luz; e agora aquele ventre parte deixando-os com lágrimas contidas por aquele amor, que se despede deixando a vida. Obrigado Mamãe! Obrigado Papai! Descansem em paz!

E que essa melodia, que soa de nosso íntimo sob forma de dor e saudade seja como lições, que nortearão a vida de seus ascendentes.

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