Terezinha Camposterezinhaorquidea@gmail.com

Glória Maria, a glória da emancipação da mulher

Publicado em 23/02/2023 às 22:23.

Eu a conheci num telejornal, ao meio dia e meia, logo após o almoço na década de 1970: 1972/73.

Enxerguei uma figura pequena, inexpressiva, mas que me impressionou com a sua dicção, pronúncia e o desenrolar de cada reportagem, com um vocabulário riquíssimo, sem titubear, sem se enganchar nas palavras, mas desenvolvendo com autoridade a tarefa, que lhe foi imposta ou a missão, a que ela se propôs a si mesma desenvolver. Fiquei impressionada!

Dali para cá ela transformou-se para mim numa mulher gigante, portadora de uma personalidade avassaladora, que se impõe pelo que faz e bem feito. Glória sabia quando estar em silêncio e quando falar.

Se algo é digno de ser feito, então que seja bem feito; e nas pequenas coisas, tanto quanto nas grandes, devemos mostrar que somos determinados. Não deve haver ociosidade, mas prontidão, uma corrida firme e paciente, um batalhar a boa batalha, com prontidão e perseverança, fazendo tudo conforme as nossas forças.

As plantas são constantes em seu crescimento; as estrelas são constantes em seu curso; os rios são constantes em sua correnteza; não perdem tempo. Assim também deve ser a nossa vida, não de impulsos impetuosos; não de inconstância; mas de prontidão e determinação com um alvo mais alto num futuro promissor.

Glória Maria defendeu-nos a nós mulheres enfrentando o preconceito e mostrando por sua resiliência e determinação, que nenhuma mulher tenha que se estabelecer no vale do feminicídio e aceitar com desprezo sua etnia, sua descendência, suas origens. Ela nos ensinou o enfrentamento com dignidade fazendo cair por terra a discriminação

Que glória! Que Glória! Que mulher imensa, intensa, que nos ensinou lições de liberdade e do exercício da cidadania, que exprime a soberania de um povo.

Ah, quantas Glórias deveríamos ter nesse país! “Glórias emancipação”, “Glórias ousadia”, “Glórias determinação”!!! Glórias, Glórias, Glórias!!!

Foi a primeira jornalista a enveredar os caminhos da Rede Globo de Televisão; depois de passar por uma vaga de estagiária. Glória Maria Matta da Silva, ou simplesmente Maria, como gostava de ser chamada passou por discriminação, racismo e machismo e outras adversidades próprias de países em desenvolvimento.

Com passaporte carimbado em mais de 160 países, Glória se tornou uma cidadã do mundo; ganhou notoriedade no Jornal Nacional, por suas reportagens ao vivo, e depois no Fantástico por suas viagens internacionais.

Uma de suas reportagens que muito me impressionou, entre tantas, quantas, inúmeras foi quando ela sobrevoou o Vulcão Kilauea, o mais antigo do Planeta e o mais perigoso do mundo, localizado no Parque Nacional de Vulcões do Havaí; lá de cima fazendo a reportagem era como se ela estivesse dando uma aula de geografia. 

Salve Glória!!! Mais de 50 anos no Jornalismo, sua carreira foi marcada por pioneirismo, inovação e principalmente coragem!

Outros feitos e outras reportagens da Glória vão trilhar pelo mundo afora como uma cartilha a nos ensinar o bê-á-bá da determinação, da coragem, da experiência, do otimismo e do acreditar em nós mesmas, como precursoras de movimentos transformadores de pessoas no contexto de nossa existência.

Glória Maria Matta da Silva nasceu no Rio de Janeiro em 1949 e morreu no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro em 2023. 

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