Estive na UNIMONTES no dia 24 de maio no auditório do Centro de Ciências Humanas, quando foram homenageadas as “Meninas da Fafil”; as fundadoras das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras no norte de Minas Gerais, precisamente na cidade de Montes Claros. Assim foi que nasceram alguns o Cursos, que deram origem à universidade, que é a UNIMONTES. O Curso de Pedagogia nasceu sob a responsabilidade da professora Maria Isabel Magalhães Figueiredo Sobreira ( Baby Figueiredo); o Curso de História sob os cuidados de Isabel Lafetá Rebello; o Curso de Geografia coube às professoras Maria Dalva Dias de Paulo juntamente com a professora Maria Florinda Dias Ramos o desafio de formar professores para a docência em Geografia no ensino secundário, em Montes Claros e região norte-mineira; a Maria da Consolação Magalhães Figueiredo ( Mary Figueiredo), esteve à frente do Curso de Letras, pois graduou-se em línguas neolatinas: Português, francês, espanhol, italiano pela UFMG e Maria Florinda Ramos Marques licenciada em Geografia pela UFMG juntamente com a professora Maria Dalva Dias de Paulo no curso de geografia.
Foi uma noite em que foi servido aos presentes um banquete cultural sem precedentes fazendo-nos lembrados daqueles que por ali passaram deixando os rastros de um povo sertanejo, que busca, que não se cansa nem com o sol escaldante dos claros montes da arrojada Montes Claros e que deixa rastros para a geração futura.
Naquela data cada uma delas recebeu justa homenagem com flores e a participação dos acadêmicos dos respectivos cursos falando da galhardia e firmeza manifestados para a concretização daquele ideal. Cada uma delas teve a sua fala pautada pela veracidade dos fatos ali expostos e com emoção falaram dos desafios , que encontraram, mas que foram pilares fortes, onde se apoiaram para prosseguirem; foram citados nomes de colaboradores, como: o professor Tabajara Pedrosa, que coordenou um movimento, culminando na criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras , a Fafil, instalada em dezembro de 1963; outro colaborador foi o doutor Luiz de Paula, então empresário e um incentivador para que todos estudassem.
Os cursos da Fafil tiveram o seu funcionamento iniciado 13 dias após o golpe político-militar, deflagrado em 31 de março de 1964- um momento complexo da nossa realidade político-social, mas nada foi capaz de esvanecer a força e o propósito de suas fundadoras.
É retomando a história das licenciaturas e da formação de professores no norte de Minas Gerais, que mestrandos e mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Unimontes se conectaram com estas jovens professoras, as fundadoras da Fafil e dos primeiros cursos de licenciatura instalados no sertão mineiro. Desta conexão se materializa o projeto do livro “Cartas para as fundadoras da Fafil”- projeto que se amplia para toda a Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) e comunidade em geral.
Desta forma, foram recebidas 81 cartas, que integram um livro no formato em que foram produzidas por seus autores; o livro foi lançado naquela noite e depois será distribuído para aqueles que participaram inicialmente. Inicialmente, são apresentadas cinco cartas dirigidas indistintamente às fundadoras da Fafil.
Na sequência, considerando a ordem alfabética dos nomes das homenageadas e dos autores destas homenagens, temos: 11 cartas para Isabel Rebello de Paula; 06 para Maria Dalva Dias de Paulo, 11 para Mary Figueiredo; 10 para Maria Florinda Marques; e, para encerrar, 38 cartas para Baby Figueiredo.
Este livro é um tributo e um ato de carinho a quem deu os primeiros passos. E, assim, neste livro, todas as 81 cartas que o integram representam o reconhecimento do lugar construído por estas cinco fundadoras pioneiras, mulheres idealistas e audaciosas. A elas, o nosso afeto, respeito e gratidão, nosso reconhecimento dos lugares únicos que ocuparam e da história que construíram.
A organizadora do livro foi Geisa Magela Veloso, professora do curso de Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Montes Claros –UNIMONTES.
Fui agraciada com um livro, pois também escrevi em homenagem à dona Isabel Rebello de Paula, minha tão querida, sábia e elegante professora de História, que se impunha pelo seu conhecimento daquilo que ensinava.
A cerimônia foi muito emocionante e culminou ao som de um piano tocado por Tiago e a letra de Coração de Estudante de Milton Nascimento interpretada pela cantora Cristiane.
Pudemos observar que a Unimontes que nascera da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras cresceu assustadoramente e dali mesmo foram nascendo valores que dão continuidade ao processo de desenvolvimento em todo os aspectos do conhecimento.
Faço minhas as palavras de Le Goff (2003, p.471): “a memória, na qual cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir ao presente e ao futuro”.