“... a preocupação com os hábitos alimentares na infância deve ganhar status de extrema relevância, uma vez que é justamente nessa fase que as construções dos hábitos alimentares culminarão em reflexos por toda a vida adulta”.
Março vai se despedindo. Um mês especial, pois comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Preparamos essa entrevista especial com a nutricionista montes-clarense Nathália Meira Coelho Alencar, de 30 anos, especialista em nutrição materno infantil. Ela é graduada em nutrição pelas Faculdades Ibituruna – Fasi e pós-graduada em nutrição materno infantil pela Nutmed.
Fale da importância da nutrição materno infantil.
Dentro do campo gestacional, o acompanhamento nutricional pelo profissional habilitado exerce papel determinante sobre os desfechos relacionados à mãe e bebê, não somente no sentido de prevenir uma série de intercorrências negativas, como também garantir reservas biológicas necessárias ao parto e pós-parto. A inadequação do ganho de peso durante a gestação tem sido apontada como fator de risco tanto para a mãe quanto para a criança.
Do ponto de vista infantil, o acompanhamento nutricional exerce um papel construtivo, porque os hábitos alimentares de um individuo são estabelecidos desde a infância, período em que o paladar da criança se molda de acordo com as ofertas, opções e hábitos que lhes são ensinados. Sendo assim, é de extrema importância que os pais recebam orientações direcionadas a respeito de como lidar com a alimentação de seus filhos.
Por que escolheu ser nutricionista?
Desde os meus 17 anos comecei a me apaixonar pelo mundo da alimentação saudável. Com isso, e cada vez mais tendo a plena certeza de que a alimentação constitui fator primário para uma qualidade de vida, tomei a iniciativa de me graduar na área com intuito de poder, através do meu trabalho, impactar a vida das pessoas.
Como implementar bons hábitos alimentares nas crianças?
A implementação de bons hábitos alimentares nas crianças passa também por um processo educacional, porque é muito comum e cultural associarmos a fase da infância a uma alimentação “pobre nutricionalmente”, isto é, rica em alimentos industrializados, excesso de açúcar e farináceos. Não é atoa que surgiu o termo “paladar infantil” quando algum adulto é caracterizado por uma alimentação “ruim”. Importante ressaltar que ter uma criança em casa é um grande propulsor para a transformação dos hábitos alimentares de toda a família, uma vez que o processo de assimilação e aprendizagem da criança tem estreita relação com os exemplos a que estão expostas.
Quais os principais benefícios do acompanhamento nutricional na gestação?
Sabemos que culturalmente criou-se um falso senso de que a grávida “deve comer por dois”. Isso está longe de ser verdade. Cuidar e organizar a alimentação durante o período gestacional é o ponto chave para o sucesso de uma gestação tranquila e sem grandes riscos de intercorrências indesejadas, a exemplo da diabetes gestacional e seus desdobramentos ou até mesmo aquele edema altamente expressivo que impossibilita atividades habituais.
O acompanhamento nutricional permite a gestante ter acesso a um plano alimentar, garante um aporte completo em termos de macro e micronutrientes e assegura a ingestão calórica indicada à sua classificação antropométrica. Aí é só alegria para curtir esse momento único e especial sem qualquer receio!
Fale um pouco sobre a associação da alimentação infantil com os casos de obesidade em crianças
Muitos fatores podem levar à obesidade infantil. No entanto, a alimentação inadequada associada à ausência de atividades físicas e ao excesso de exposição às telas, são fatores preponderantes. Desde muito cedo, as crianças têm consumido pouca variedade de nutrientes e, ao contrário, muita quantidade de alimentos industrializados. Mesmo porque, ainda existe a cultura que relaciona a criança gordinha à uma criança saudável. Há enorme necessidade de desmistificar essa máxima. Crianças com excesso de peso têm risco maior de se tornarem adolescentes e adultos obesos. E a consequência do aumento de peso é o desenvolvimento precoce de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, colesterol alto e doenças cardiovasculares. Sendo assim, a alimentação tem papel crucial em todas as fases da vida.
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