Nos dias 9 e 10 de agosto, às 20h, a Casa Teatro Vanda Dias recebe a ópera La Serva Padrona, do compositor italiano Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736). A comédia de costumes, de apenas três personagens, combina intensidade dramática e humor refinado.
Na trama, Uberto, um solteirão, se vê às voltas com o comportamento arrogante de Serpina, sua criada, que decide que deve ser tratada como patroa. Desesperado, ele pede a Vespone que lhe arranje uma noiva. O que Uberto não imagina é que Serpina, apaixonada, armará uma cilada para que ele se case com ela.
O papel de Uberto é interpretado por Roberto Mont’Sá, que vive um personagem dividido entre orgulho e afeto:
“Vivemos em um mundo ambíguo e temos que tirar proveito da própria vivência. A vida é o grande laboratório de todos nós”, afirma.
Sobre o desafio de conciliar técnica vocal e expressão cênica, Roberto explica:
“A ópera é um teatro cantado. No curso de canto lírico, temos a disciplina de expressão corporal, que nos dá base sobre como o corpo deve se comportar no palco. Existem técnicas que ajudam na interpretação. Antes de entrar em cena, participei de oficinas com a professora Solange Sarmento sobre os personagens e como desenvolvê-los nos ensaios e performances.”
Para ele, o momento mais divertido e marcante é o dueto final:
“Quando Uberto se declara abertamente a Serpina, é de uma pureza — até ingenuidade — muito bonita de interpretar.”
A personagem Serpina ganha vida na atuação de Maria Odília Quadros, que se encantou com a força e a astúcia dessa figura espirituosa:
“Não foi difícil me envolver na construção da Serpina. Ela é uma personagem riquíssima, de personalidade forte e encantadora. Busquei transmitir sua irreverência, inteligência emocional e astúcia, qualidades que conquistam tanto quem a representa quanto o público.”
Maria Odília já interpretou Serpina há 15 anos e percebe a diferença que a maturidade trouxe:
“Hoje lido com mais profundidade com suas nuances. Ela quer conquistar o patrão e usa todas as armas, mas também é apaixonada por ele. Procurei trazer leveza e seguir as indicações primorosas do autor.”
A preparação do elenco ficou a cargo de Solange Sarmento, que destaca o cuidado com o equilíbrio entre o clássico e o cômico:
“Começamos com um estudo aprofundado do texto. Já conhecia a obra, mas cada montagem é uma nova perspectiva. O desafio foi lidar com a natureza clássica da ópera, que traz uma comicidade sutil, e contar com um elenco que já tem esse ‘feeling’ aguçado para o humor ajudou muito.”
Para ela, a força da obra está na interação precisa entre os três personagens:
“As nuances de naturezas tão diferentes se unem em uma mesma direção. Entre o dramático e o cômico, a linha às vezes é tênue, mas o autor soube equilibrar tudo com maestria, tanto na essência das personagens quanto no desenrolar da trama.”
O instrumental do espetáculo fica por conta de Carmerindo Miranda e Tony Soares.