Drikka Queiroz

História, cultura e identidade

Publicado em 04/07/2025 às 15:54.

Montes Claros celebrou 168 anos e nesta data especial, nossa homenagem vai para todos aqueles que escrevem, dançam, cantam, atuam, pintam e transformam em arte o cotidiano da nossa cidade. Eles são a alma criativa de Montes Claros.

Cada verso, cada melodia, cada passo e cada cena revelam o que temos de mais belo: a força da expressão, da memória e da esperança.

Valorizemos quem faz arte.

A cultura é o coração pulsante de um povo, e, quem a alimenta merece reconhecimento todos os dias.

Parabéns, Montes Claros! Parabéns a todos os artistas que ajudam a contar essa linda história.

Neste mês em que comemoramos o aniversário de Montes Claros, exaltamos aquilo que a cidade tem de mais precioso: sua gente. E entre tantas riquezas, destacamos com carinho os artistas que nasceram aqui ou escolheram esse chão para florescer a sua arte.

O traço da geometria que transcende o tempo
Natural de Montes Claros, Carlos Muniz é um nome de destaque na arte contemporânea brasileira. Médico por formação e cirurgião plástico por especialização, encontrou na arte uma segunda vocação – não menos precisa, não menos transformadora. Sua obra, marcada pela linguagem geométrica, revela uma sensibilidade rara para o equilíbrio, o espaço e a forma.

Ao longo de mais de cinco décadas, Muniz construiu uma trajetória sólida e respeitada, com exposições individuais e coletivas em centros culturais e galerias de prestígio no Brasil e no exterior — de Belo Horizonte a Nova Iorque, de Tóquio a Lisboa, de Brasília a Viena. Sua produção reflete o rigor de um olhar científico aliado à liberdade criativa de um espírito inquieto. Em suas composições, a geometria não é apenas um estilo, mas um campo de diálogo com a cor, o movimento e a emoção.

Foi premiado diversas vezes em salões de arte nacionais e internacionais, como o prestigiado Prêmio Viagem ao Exterior, e possui obras em acervos de instituições relevantes, como o Palácio das Artes, o Museu de Arte de Belo Horizonte, a FUNARTE e galerias internacionais.

Carlos Muniz representa um elo raro entre o interior e o cosmopolita, entre a técnica e a intuição. Sua arte não se limita à tela: ela invade espaços, ocupa volumes, traça linhas que atravessam fronteiras geográficas e estéticas. E, acima de tudo, revela um artista que, mesmo no silêncio das formas, nunca deixou de falar ao coração de quem contempla.

Montes Claros, o Brasil e o mundo reconhecem em Carlos Muniz um mestre da geometria sensível, na verdade, um criador cuja obra é, ao mesmo tempo, construção e poesia.

UMA GUARDIÃ DAS ARTES E DA MEMÓRIA DE MONTES CLAROS
Neste aniversário de Montes Claros, celebramos não apenas a história da nossa cidade, mas também aqueles que a escrevem com sensibilidade, talento e dedicação. Entre essas pessoas está Felicidade Patrocínio, artista plástica, escritora e incansável defensora da cultura local.

Sua recente obra, História das Artes Plásticas de Montes Claros, é mais que um livro: é um gesto de amor à cidade, um registro precioso que eterniza o legado de artistas que ajudaram a construir nossa identidade cultural. Felicidade percorreu ruas, visitou ateliês, mergulhou em acervos e, com olhar atento, transformou memórias em páginas que hoje testemunham a força criativa de Montes Claros.

Neste 168º aniversário da cidade, nossa gratidão e reconhecimento à mulher que fez da arte sua linguagem e de Montes Claros sua eterna inspiração.

Obrigada, Felicidade, por revelar a alma artística de nossa terra com tanta beleza e verdade.

A VOZ QUE ETERNIZOU MONTES CLAROS NO CANTO CORAL
Nascida em uma família onde a música era linguagem cotidiana, Clarice Sarmento teve seu primeiro contato com o universo musical ainda criança. Cresceu entre saraus familiares, rodeada por instrumentos e melodias. Enquanto o pai encantava com a clarineta nos grupos da Banda Euterpe, os Sarmentos afinavam a casa ao som do piano, e, foi ele o primeiro instrumento que ela aprendeu a dominar, aos sete anos, participando de diversos recitais públicos.

A trajetória como educadora musical começou cedo. Em 1958, Clarice passou a substituir sua tia Dulce Sarmento nas aulas de música na Escola Normal. Três anos depois, já com formação técnica em Belo Horizonte, conquistou seu registro como professora de Canto Orfeônico. Foi nesse período que teve o primeiro contato com o canto coral e a regência, uma paixão que marcaria profundamente sua história.

 Ao retornar a Montes Claros, uniu-se ao nascimento do Conservatório Lorenzo Fernandez e fundou o coral que levaria o mesmo nome. Por cinco décadas, Clarice conduziu essa formação que se tornou referência regional e nacional. Sob sua regência, o movimento coral cresceu, inspirou novos grupos e conquistou palcos por todo o país.

 Entre as muitas conquistas, destaca com orgulho o primeiro lugar em um concurso nacional de corais em São Luís do Maranhão, entre 36 grupos de todo o Brasil — vitória consagrada tanto pelo júri técnico quanto pelo voto popular. Outro marco foi a Medalha D'honneur recebida na França, após emocionantes apresentações em várias cidades, durante o "Ano do Brasil na França".

Clarice Sarmento não apenas formou vozes. Ela formou memórias, laços e identidade musical para uma cidade inteira.

 Ao ser questionada sobre uma mensagem cantada para Montes Claros, responde com emoção, escolhendo uma das canções de Dulce Sarmento:

"Montes Claros, terra de belezas que não tem igual.

És dotada de encantamentos no teu firmamento em noites de luar..."

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