Em Pantanal, Juma Marruá foi uma mulher ficcional selvagem, bela e inadequada por ser o que era: uma pessoa única. Melhor seria se estivesse unida a outras por laços culturais e de sangue, mas estava só.
Para que servem os povos originários? Para serem eles mesmos ou o que queiram ser em tempos passados, atuais e futuros. Como são os donos de tudo, é natural que continuem cuidadores do lugar onde vivem. Alguns discordam do modo de vida dos povos da floresta, guardiões da natureza, assim como das leis elaboradas para protegê-los. Que o território indígena tenha sua demarcação respeitada, para que seu povo possa viver em paz e da forma que quiser.
O povo Yanomami mora ali há séculos. Por milagre continua como povo isolado e, assim, evita o aculturamento, cujo destino é escravizá-lo à miséria dos subúrbios. Tem um vasto território cuja maior parte está em Roraima e, para além do subsolo rico em minério, há um mundo de água e de floresta.
Os mais de 20 mil garimpeiros invasores das terras indígenas querem a riqueza mineral e para isso cometem vários tipos de ilícitos. Foram estimulados a fazer o que fizeram, em vista do desmonte dos órgãos de repressão aos crimes ambientais.
Com essa cegueira governamental montaram seus acampamentos gananciosos, predadores e criminosos. Seus maquinários sofisticados e caros são financiados por grandes exploradores.
A extração do ouro é feita com jatos d’água e nesta ação matam peixes, contaminam tudo com mercúrio, destroem o solo, a floresta e o povo Yanomami. Sem peixe, sem comida e sem água estava montada uma estrutura perversa de extermínio. Depauperados e sem forças, muitos deles morreram, em especial idosos e crianças.
Foram 570 crianças Yanomami mortas de fome, malária, intoxicação e parto. Existem 30 meninas grávidas, vítimas de estupro externo, alguns deles coletivos. Garimpeiros cometeram e até denunciaram tais crimes.
A ação predatória em nível máximo do garimpo ilegal aniquila tudo ao seu redor em grande escala. O ouro espúrio, produto roubado do povo Yanomami, se legaliza quando o autor declara extração em lavra legalizada, para em seguida ir ao exterior.
Nada fica no Brasil, exceto a devastação e o fim de uma etnia. A cara estrutura instalada responde por um negócio altamente lucrativo, portanto, os financiadores precisam ser identificados, julgados e penalizados.
A emergência para ontem é salvar o povo Yanomami, dando-lhe saúde, segurança, paz, alimento, água limpa, e tudo que necessita para poder arbitrar sobre suas vidas.
O desejo de muitos é ver as áreas indígenas plenas, inteiras, demarcadas e um povo sem marcas, puro, livre, feliz.
Um sonho possível é o território dessa nação ancestral transformado num santuário intocável. Que a etnia Yanomami, e unicamente ela, use seu território, cujo tamanho incomoda aos cheios de cobiça, e possa habitar um mundo utópico, uma dívida do Brasil para com sua população ancestral.
E que permaneça intacto e inviolável, para que seu povo preserve e eternize sua sábia cultura. Aos indígenas demarcação e respeito já!