A Natureza tem infinitos encantos e, mesmo neste século, continuam a ser descobertos. É melhor lutar pela salvação do planeta sem sofrer, pois não adianta chorar por ele. Vamos ao engajamento, ao ativismo virtual e real a favor do nosso Domo Azul, com ações, palavras de ordem e discursos. Para discursar usa-se a voz, resultante de um artefato vocal chamado aparelho fonador, ligado ao Centro da Fala, no cérebro, cujos neurônios preparam a face, a boca e a língua para fluir a conversa. A compreensão está em área próxima. A voz pode ser desastrada ao dar ordens cruéis, defenderem o mal, ofenderem, submeterem pessoas. Há timbres de voz desagradáveis por serem agudos e esganiçados; há tons irados, que esbofeteiam, ferem, matam; há tons suaves, delicados, sussurrantes, que são colo, confortam, acalentam, curam. Os conteúdos vão do banal ao divino, espiritual, poético, filosófico. No Parlamento, as vozes masculinas, por serem grossas, soam fortes, poderosas, e, em geral dominam o debate. As vozes femininas se impõem
pelo conteúdo e insistência, mostrando que não é fácil calar uma mulher que tem o que dizer, por exemplo, defender uma causa universal. Por outro lado, há mulheres com descontrolada paixão pela voz masculina grave, sendo para elas o mais poderoso afrodisíaco. É fato marcante ouvir uma voz grossa, encorpada, a cantar, discursar, falar, fazer locução, apresentar notícias. O homem com voz intensa e ressonante sai na frente dos demais na comunicação, podendo-se ignorar, em certa medida, a aparência e os conteúdos rasos. Os ouvidos femininos foram feitos sob medida para ouvir vozes robustas vindas das caixas de ressonância masculinas, funcionando como música. O tom baixo profundo é relativamente raro, mas os tons próximos também são capazes de alterar as células do ouvido até o córtex, afetando as respostas femininas. A audição dessas vozes não dá paz aos hormônios que desembocam em volumosa quantidade na corrente sanguínea com sua resultante palpitação. Ah, esses homens másculos, derramando testosterona com suas falas graves, nem imaginam o quanto podem transformar as mulheres! Muitas não demonstram, por esperteza, ao se sentirem aos seus pés. O mundo virtual traz possibilidades impensáveis, como por exemplo, conhecer alguém na rede, ter conversas de letrinhas cautelosas, antes de receber um áudio, ou então, quando a conversa engrena, vir um telefonema e o susto de quase cair da cadeira. A voz grave retumba nos ouvidos da ouvinte, agindo como um magneto. Não há uma delas que consiga afastar-se dessa voz aliciante. Esses sons especialíssimos, de intensa gravidade, servem ao dono para ganhar o pão e às mulheres para serem enfeitiçadas. E a risada? A voz no tom adequado aos propósitos da sedução não necessita impostação: é o que é e está tudo definido. Mas “todo Carnaval tem seu fim” e uma voz atraente, cativante, sedutora, a mais bonita de todas, se calou no dia 30 de julho, deixando tristes quem a conheceu, pela certeza do nunca mais.