Mara Narciso

Vinícius de Moraes, o poeta do amor e da paixão

Publicado em 20/04/2021 às 00:01.Atualizado em 05/12/2021 às 04:43.

Quando nos casamos, contraímos matrimônio com outros gostos. Desde o namoro, conheci melhor Vinícius de Moraes. Meu ex-marido toca violão e tem preferência por Vinícius. Declamava o “Soneto da Fidelidade”, em especial os famosos versos: “que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”. Infinito em intensidade, mas não em eternidade.

Ouvíamos Vinícius falando de amor, sentimento que se sustenta por si mesmo. Adiante, quando nosso filho Fernando era menino, conhecemos o magnífico “A Arca de Noé”, com poemas engraçados para divertir as crianças. 

“Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada”. Fez o poema marxista “Operário em construção”: “que a casa que ele fazia/ sendo a sua liberdade/ era a sua escravidão”; protestou em “Rosa de Hiroshima”; e descreveu todos os amores com originalidade transbordante.

A Academia Montes-clarense de Letras homenageia poetas brasileiros através do Festival Poético, no momento, prestando tributo a Vinícius de Moraes. Sua temática preferencial é a mulher, que eclode internacionalmente em “Garota de Ipanema”.

Foi um homem arrebatador, proclamando em versos amor e paixão pelas mulheres, personagens cúmplices, que lhe encantavam, dando-lhe prazer e inspiração.

O amor erotizado e a sexualidade suave apresentam-se com lirismo, delicadeza e sedução, falando sutilmente das delícias do corpo feminino. O erotismo chega enevoado pelo sentimento maior.

Partes de o “Soneto do amor total”: “Amo-te como amigo e como amante/ Numa sempre diversa realidade./Amo-te, enfim, com grande liberdade/ Dentro da eternidade e a cada instante/ Amo-te como um bicho, simplesmente,/ De um amor sem mistério e sem virtude/ Com um desejo maciço e permanente./ E de te amar assim muito e amiúde/ É que um dia em teu corpo de repente/ Hei de morrer de amar mais do que pude”.

Nasceu em 19 de outubro de 1913 e morreu em 9 de julho de 1980, aos 66 anos. Vinícius de Moraes, carioca desaparecido há 40 anos, foi diplomata e um poeta completo. 

Devotado ao uísque, seu “cachorro engarrafado”, não largava o tabaco. Declarou: “que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”. Casou-se nove vezes, numa incessante busca pela completude.


 

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