Mara Narciso

Um livro mudou minha vida

Publicado em 02/05/2023 às 23:17.

Eu era uma médica endocrinologista que trabalhava, estudava, frequentava congressos e planejava continuar nisso enquanto possível.  Aos seis anos de casamento nasceu meu filho Fernando. Não houve anormalidade na gravidez. Nasceu de parto normal e manifestou atraso motor. Com um ano não se sentava e com um ano e quatro meses corria. Não se aquietava para nada, numa revoada interminável. Dava tanto trabalho que a família esgotada não sabia o que fazer.  Desde os dois anos frequenta psicóloga, com três anos leu, com quatro foi expulso da escola. Entendia as regras, mas não as obedecia. Seu rendimento escolar foi piorando ano após ano. Teve babá até os seis anos de idade. Não entendo como sobrevivemos a isso. Após anos escrevendo fichas médicas privadas, decidi-me, por escrever e tornar pública a vida de Fernando no dia 1º de abril de 2004 como uma maneira de organizar o caos. A inocência de iniciante e a total falta de censura foram o centro da empreitada. “Segurando a Hiperatividade” em sua primeira versão obteve uma venda expressiva. Seu lançamento, há 18 anos, foi no Automóvel Clube, com apresentação de Yvonne Silveira, presidente da Academia Montes-clarense de Letras.  Fui uma das pioneiras no tema TDAH – Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade, diagnóstico do meu filho aos quatro anos. Dei entrevistas em jornal, rádio e televisão. Escrevendo aos amigos virtuais a partir de 2001, fui convidada e passei a publicar crônicas em jornais. Discreta, contida e reservada, contraditoriamente contei tudo e acabei tornando-me uma pessoa pública. Primeiro escrevi um livro, depois fui me tornando escritora.  Militante pela causa do portador de TDAH, fui ativista digital em rede social em 2005 quando não existia esse nome. No Orkut participava de comunidades TDAH, fazia pesquisas e buscava soluções para melhorar o rendimento escolar dos portadores. Cheguei a participar de mesas redondas e dar palestras sobre isso.  Como escrevo em linguagem jornalística fui estudar jornalismo e finalizei há 13 anos. Conheci artistas plásticos, cantores, jornalistas, escritores e me inseri em três academias: Academia Feminina de Letras, Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros e Academia Montes-clarense de Letras. Recebia telefonemas e e-mails perguntando sobre o transtorno. Meu pai estava tetraplégico, vítima de AVC. Precisei levá-lo para minha casa. Meu casamento acabou. Minha paixão pela medicina continuou, mas reservei a escrita para ocupar o espaço que ela um dia deixaria. Quando veio a pandemia, aposentei-me compulsoriamente, dedicando-me à Literatura. Publiquei “Mosaico”, livro de crônicas e lancei a 2ª edição de “Segurando a Hiperatividade” revisada e acrescida de revelações em 300 páginas.  Lanço agora no 2º FLAM – 2º Festival Literário do Autor Montes-clarense “Gira, Girassol! Coletânea de histórias”, livro de contos, no dia três de maio, quarta-feira, às 19h30m, no Centro Cultural Hermes de Paula.  O 2º FLAM acontecerá de 02 a 07 de maio com ampla programação. Participe!

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