Quando se tem menos jabuticabas para comer do que as que foram comidas, ou pior, tem-se apenas os últimos frutinhos, come-se devagar para fazê-los durar. No fim da vida se faz o oposto. Tem-se pressa em viver de forma intensa, mesmo que não desesperadamente para consertar algo, e sim fazer o que se gosta, e que ainda não esteja completo. Aproximando-me dos setenta anos, encontro-me animada, produtiva, e sem querer acabei sendo depositária do FLAM – Festival Literário do Autor Montes-clarense, em especial em sua quarta edição.
Leio sem parar e acho um desperdício ficar parada a olhar para a parede. Sabe o que me dói nessa altura dos anos? Ver uma livraria maravilhosa, cheia de tesouros como têm sido as livrarias do FLAM, e não ter tempo de ler todas as produções ali presentes. Lamento, mas não paro. Em tempos habituais leio um livro por semana, e ali no Festival já garimpei, li e me deliciei com joias de autores do passado como Hermes de Paula, Luiz de Paula, João Vale Maurício e Nazinha Coutinho. Livros que são puro deleite e o término leva minha euforia e faz chegar a abstinência, que só passa ao me encontrar com outro conteúdo do mesmo calibre.
O FLAM nasceu em 22 de fevereiro de 2022 de uma ideia de Júnia Rebello e assim uniram-se a Academia Feminina de Letras – AFL e a Academia Montes-clarense de Letras – AML. Esse dueto deu samba, deu rock, deu MPB, deu sinfonia. Este ano, com 19 lançamentos de livros, serão contemplados vários gêneros e estilos em um encontro de escritores neste abril: dia sete – Carlos Azevedo, Dário Cotrim e Wanderlino Arruda; dia oito – Míriam Carvalho, Jarbas Oliveira e Káritas Lacerda; dia nove – Éllen Santa Rosa, Maria Helena Gonçalves Fonseca, Márcio Jean Fialho de Souza; dia dez – Glorinha Mameluque, Márcia Frota, Aroldo Pereira, Marina Couto e Kelly Nobre; dia onze – Mara Narciso, Délio Pinheiro e João Figueiredo; dia doze – Maria Silvério, Cyntia Pinheiro e Renilson Durães; dia 13 – Ucho Ribeiro.
O que nos une é o amor pela Literatura e outros temas correlatos do 4º FLAM: programação infantil com Éllen Santa Rosa e a "Trilha da Leitura", contação de histórias, teatro e seção literária infantis para despertar o prazer de ler; palestra com Marcelo Moebus, dia 10 de abril, quinta-feira, às 17h com o tema "Literatura e Sociedade – revisitando Antônio Cândido"; oficinas literárias com os professores Matheus Vinícius Alves Soares, Ilca Vieira de Oliveira, Tida Carvalho e Márcio Jean Fialho; roda de conversa com Leonardo Alvarez sobre o Programa Editorial do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, que produz Cultura e Literatura.
O Festival é uma iniciativa de sucesso a cumprir seu objetivo a cada edição, ampliando-se e diversificando-se. Além de se manter plural e inclusivo, atende a todos que gostam de ler e buscam, através dos livros, adquirir conhecimento, vocabulário, argumento, lazer e combate à desconcentração, uma lástima de nossos dias de horas excessivas de telas, incluindo a mim. Largue a tela e aceite o livro; só terá a ganhar com isso. Vem para o FLAM!