Ao saber do assassinato estilo execução, com três tiros na cabeça, da vereadora do PSOL Marielle Franco, tive um feeling, coisa que não me é peculiar. Vivo a política desde menina, mas não a tenho como tema constante, porém entendi ser fato importante e escrevi de imediato uma nota no Facebook.
Marielle Franco foi morta devido a sua ideologia de combatente da arbitrariedade repressora na Favela da Maré. Defendia os oprimidos, maltrapilhos, negros, favelados, os cancelados, os que não têm nada, contra o domínio miliciano na cidade do Rio de Janeiro. Com coragem, valentia e discurso consistente, por ser socióloga com mestrado em Administração Pública, incomodava os poderosos com suas pautas, o que resultou em sua morte aos 36 anos de idade, em 14 de março de 2018.
Vendo os anos se arrastarem com seu nome citado diariamente na mídia, seja ela hegemônica, seja ela progressista, os que lutam pelas mesmas causas de Marielle, perguntam-se: como o extermínio da vereadora atingiu escala tão elevada, reverberando mundo afora?
O crime foi planejado com grande antecipação, pois Marielle Franco era seguida tempos antes de ser morta. Os executores foram identificados e presos, sendo que Élcio Queiroz conduzia o carro e Ronnie Lessa, sargento reformado da PM do Rio de Janeiro, fez os disparos. Há alguns dias, Lessa negociou uma colaboração premiada com o objetivo de, tendo algo bombástico a revelar, ganhar como bônus a redução da pena. Sua delação não foi homologada, mas vazou algo, chegando a circular o nome de Domingos Brazão como mandante do crime, no entanto, o acusado negou o fato, e a imprensa considerou a informação inverídica. Então, que parem com as cortinas de fumaça!
Em tempos de intolerância e discurso de ódio, uma mulher jovem, negra, mãe solo, pertencente a comunidade LGBTQIA+, engajada na defesa dos seus iguais, enlouquece os conservadores. Seus projetos, que se imagina, chegariam longe, ameaçavam a todos que perdiam espaço a cada avanço seu.
Como se explica a dimensão que seu nome atingiu? Muitos morreram pelas próprias ideias como Chico Mendes, Dorothy Mae Stang - irmã Dorothy e tornaram-se mártires muito maiores do que quando vivos. Outros foram mortos por terem fé e por isso mesmo se tornaram santos. Marielle Franco cresce à medida que se contrapõem às suas ideias.
Com nome não revelado, sua assessora escapou ilesa e deu depoimento de cinco horas na ocasião do crime, onde também morreu o motorista Anderson Gomes. Mônica Benício, viúva da vereadora, milita com firmeza junto a causa da morta, que já rendeu passeatas com palavras de ordem de forma globalizada, pela elucidação do crime e por justiça. E quanto mais demora, mais cresce o mito Marielle. Por sua vez, Anielle Franco, irmã da vereadora, tornou-se Ministra da Igualdade Racial, uma combatente incansável a favor de direitos iguais para todas as cores de pele.
O folhetim de milhões de capítulos dura quase seis anos e ainda não se sabe quem foi o mandante do crime que a vitimou. Que a verdade se revele!