Mara Narciso

Qual é o tamanho de Marielle Franco?

Publicado em 29/01/2024 às 21:03.

Ao saber do assassinato estilo execução, com três tiros na cabeça, da vereadora do PSOL Marielle Franco, tive um feeling, coisa que não me é peculiar. Vivo a política desde menina, mas não a tenho como tema constante, porém entendi ser fato importante e escrevi de imediato uma nota no Facebook. 

Marielle Franco foi morta devido a sua ideologia de combatente da arbitrariedade repressora na Favela da Maré. Defendia os oprimidos, maltrapilhos, negros, favelados, os cancelados, os que não têm nada, contra o domínio miliciano na cidade do Rio de Janeiro. Com coragem, valentia e discurso consistente, por ser socióloga com mestrado em Administração Pública, incomodava os poderosos com suas pautas, o que resultou em sua morte aos 36 anos de idade, em 14 de março de 2018.

Em tempos de intolerância e discurso de ódio, uma mulher jovem, negra, mãe solo, pertencente a comunidade LGBTQIA+, engajada na defesa dos seus iguais, enlouquece os conservadores. Seus projetos, que se imagina, chegariam longe, ameaçavam a todos que perdiam espaço a cada avanço seu.

Vendo os anos se arrastarem com seu nome citado diariamente na mídia, seja ela hegemônica, seja ela progressista, os que lutam pelas mesmas causas de Marielle, perguntam-se: como o extermínio da vereadora atingiu escala tão elevada, reverberando mundo afora?

O crime foi planejado com grande antecipação, pois Marielle Franco era seguida tempos antes de ser morta. Os executores foram identificados e presos, sendo que Élcio Queiroz conduzia o carro e Ronnie Lessa, sargento reformado da PM do Rio de Janeiro, fez os disparos. Há alguns dias, Lessa negociou uma colaboração premiada com o objetivo de, tendo algo bombástico a revelar, ganhar como bônus a redução da pena. Sua delação não foi homologada, mas vazou algo, chegando a circular o nome de Domingos Brazão como mandante do crime, no entanto, o acusado negou o fato, e a imprensa considerou a informação inverídica. Então, que parem com as cortinas de fumaça!

Em tempos de intolerância e discurso de ódio, uma mulher jovem, negra, mãe solo, pertencente a comunidade LGBTQIA+, engajada na defesa dos seus iguais, enlouquece os conservadores. Seus projetos, que se imagina, chegariam longe, ameaçavam a todos que perdiam espaço a cada avanço seu.

Como se explica a dimensão que seu nome atingiu? Muitos morreram pelas próprias ideias como Chico Mendes, Dorothy Mae Stang - irmã Dorothy e tornaram-se mártires muito maiores do que quando vivos. Outros foram mortos por terem fé e por isso mesmo se tornaram santos. Marielle Franco cresce à medida que se contrapõem às suas ideias.

Com nome não revelado, sua assessora escapou ilesa e deu depoimento de cinco horas na ocasião do crime, onde também morreu o motorista Anderson Gomes. Mônica Benício, viúva da vereadora, milita com firmeza junto a causa da morta, que já rendeu passeatas com palavras de ordem de forma globalizada, pela elucidação do crime e por justiça. E quanto mais demora, mais cresce o mito Marielle. Por sua vez, Anielle Franco, irmã da vereadora, tornou-se Ministra da Igualdade Racial, uma combatente incansável a favor de direitos iguais para todas as cores de pele.

O folhetim de milhões de capítulos dura quase seis anos e ainda não se sabe quem foi o mandante do crime que a vitimou. Que a verdade se revele!

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