Mara Narciso

Onde ficariam no cérebro os locais de prazer e dor?

Publicado em 24/06/2024 às 19:00.

Há quem chore de alegria, ou se derreta em lágrimas diante de forte emoção ou prazer. Pode-se lembrar de choros inexplicados, olhos molhados, boca sorrindo, parecendo haver um descompasso entre a parte superior do rosto e a porção inferior. Isso é particularmente válido ao atingir uma meta pela qual se lutou por anos de estudo ou de treino, como vencer uma maratona, terminar de apresentar e ser aprovado em uma banca de doutorado, concluir a graduação, passar no vestibular, casar-se, ver o filho pela primeira vez, conhecer Paris.

Ao acariciar a barriga de um cachorro, poderá acontecer de o animal, além de mostrar os caninos, como se sorrisse, também espirrar. O espirro, além de indicar gripe, covid, sinusite ou alergia, poderá demonstrar felicidade ou excitação erótica. Há quem manifeste espirros ao pensar em sexo ou mesmo durante o clímax. Esse reflexo demonstra a existência de resquícios de estruturas primitivas que deveriam ter desaparecido durante a evolução da espécie. Outros riem ou choram nesse momento. O choro e o riso são fenômenos complementares e não antagônicos, sendo reações físicas para a redução da tensão, visando o relaxamento.

As alterações comportamentais primitivas são raiva, ansiedade, medo, euforia, relacionados ao choro cujo centro fica no córtex pré-frontal. No clímax, hormônios como endorfina, adrenalina, noradrenalina, ocitocina, estradiol e andrógeno agem intensamente e geram a reação fisiológica que lhes cabem, sendo “os sistemas límbico, hipotalâmico e neocórtex os responsáveis pela explosão de sensações” – Portal Dráuzio Varella.

O sistema límbico interpreta emoções, comportamento, expressões da personalidade, pensamentos, memória e reações aos estímulos externos. Ainda assim não há uma área cerebral específica para tudo isso. De acordo com Kenhub.com “as estruturas anatômicas das emoções estão na região do córtex no meio do hemisfério cerebral em torno do corpo caloso”.

O aparente paradoxo entre a mistura de sensações boas e ruins, navegando entre o prazer e a dor, acontece devido a entrecruzamento de fibras nervosas e trocas entre áreas cerebrais responsáveis por sensações distintas.

Pelo mesmo mecanismo, um remédio para enjoo e vômito causa sono, o xarope antitussígeno leva à sedação, mostrando que neurônios responsáveis por sensações diferentes podem se emaranhar em conexões ampliadoras dessas percepções.

Há dificuldade em encontrar um medicamento para sintoma emocional que não cause sono ou excitabilidade mental ou fome. O médico inicia o remédio de ação central com subdoses e apenas depois chegará à dose terapêutica adequada e individualizada. Podem surgir efeitos colaterais como sonolência ou seu oposto, como dificuldade para dormir, inquietude, agitação, apreensão, como se a pessoa estivesse em estado de alerta e devesse descontinuar o tratamento. Qualquer alteração na medicação deverá ser feita com a ajuda do especialista e com troca simultânea da droga, por isso, não se automedique.

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