Mara Narciso

No ano do centenário de João Valle Maurício

Publicado em 16/08/2022 às 02:24.

Nascer em 1922 é emblemático devido à ebulição da Semana da Arte Moderna, que mudou a maneira de fazer arte e a mentalidade dos artistas. Em 2022, temos o centenário de dois notáveis montes-clarenses a celebrar: João Valle Maurício (26 de abril) e Darcy Ribeiro (26 de outubro).

Em abril tivemos o 1º Festival Literário do Autor Montes–clarense (Flam), uma parceria da Academia Feminina de Letras de Montes Claros (AFL) e da Academia Montes-clarense de Letras (AML), sob as presidências de Júnia Rebello e Ivana Rebello, respectivamente. Cresceu e atingiu marcante visibilidade. A Livraria Flam reuniu incontáveis títulos de todos os gêneros. Nela adquiri “A Medicina dos Médicos e a Outra”, de Hermes de Paula; “A Arte Rupestre”, de Dário Cotrim; “Maria Clara”, de Nazinha Coutinho, e “A Venda do Meu Pai”, de Luiz de Paula. De João Valle Maurício, “O Beco da Vaca”, “Rua do Vai Quem Quer” e “Janela do Sobrado”. Ainda estou lendo os dois primeiros. Os outros cinco degustei gratificada.

Tenho prazer em ler biografias. “Janela do Sobrado” tem situações próximas da verdade. E quando se conhece os personagens, a travessia é das mais gostosas. A similaridade de hábitos, culinária e palavreado é visitada com a familiaridade dos casos contados à mesa.

Tenho prazer em ler biografias. “Janela do Sobrado” tem situações próximas da verdade. E quando se conhece os personagens, a travessia é das mais gostosas.

Não gostei da castração da porca, porque a tortura inútil resultou na morte do animal. As demais contações, exageros e peripécias foram agradáveis de transpor. As falas roceiras convencem pelo fato de João Valle Maurício ter sido médico ilustrado, com extensa prática em atender todo tipo de pessoas. A letra miúda não me intimidou. Fui firme debulhar o terço para entender melhor os valores vigentes em anos intermediários entre o nascimento do meu avô, Petronilho Narciso, de 1908, e do meu pai Alcides Alves da Cruz, de 1931.

As narrativas vão de casos tristes a engraçados, de assombrações a história de entidades, da sofisticação ao primitivismo. Temas que despertam o interesse dos antigos, por fazê-los recordar. E dos jovens por conhecerem o cotidiano de antepassados.

Apenas por ter conhecido essas preciosidades, o FLAM já teria valido a pena. Será reeditado no próximo ano. E que aconteça um sucesso ainda maior.

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