Mara Narciso

Músicas que minha mãe cantava

10/05/2022 às 00:10.
Atualizado em 10/05/2022 às 10:29

O cantor Beu Viana dá vida às músicas consagradas do pop, rock e MPB. Nascido em 1978, anima qualquer festa com seu carisma, habilidades técnicas, voz e violão. Muitos da sua geração querem ouvir músicas atuais e reclamam por ele cantar música velha, de antes de ele nascer, fato do qual Beu se orgulha.

As músicas escolhidas para o seu eclético repertório, considerando-se estilos e épocas diversas, são da minha juventude, mas para além de apreciar a MPB, rock e românticas estrangeiras, aprecio canções de tempos pretéritos e que, em minha tenra infância, eram cantadas por minha mãe.

Milena Narciso nasceu em 11 de maio de 1934 e morreu em 28 de janeiro de 2003, uma mãe que cantava e costurava para nós meninos. Era sentar-se à máquina de costura, seu “instrumento musical”, e cantar com grande facilidade em se lembrar das letras. Repetia em especial músicas de Noel Rosa e Nelson Gonçalves.

Ainda que cantasse músicas românticas e apaixonadas, desde moça era uma descrente do amor e chegava a criticar essas paixões, rindo delas de forma irônica, parecendo que Milena nunca tinha se apaixonado.

Viciada em rádio, cantava todas de Carnaval: João Bobo, Mulata Assanhada, Engole Ele Paletó, Vai com Jeito, Marcha do Caracol, Maria Candelária. Recolho ao acaso e entre aspas, alguns versos que ela cantava e às vezes comentava com seu humor ácido: “Ai meu Deus que saudade da Amélia, aquilo sim é que era mulher” – Mário Lago, 1942. E Milena: era perfeita e ainda assim foi abandonada. “Quando eu morrer, não quero choro nem vela, quero uma fita amarela, gravada com o nome dela” - Noel Rosa, 1932. E ela: da morte ninguém escapa. “Chega à choupana o campônio, encontra a mãezinha ajoelhada a rezar; rasga-lhe o peito o demônio, tombando a velhinha aos pés do altar” - Vicente Celestino, 1937. E Milena: o dramalhão dessa música é de extremo mau gosto.

“Hoje eu vou sambar na pista, você vai de galeria, quero que você me assista, na mais fina companhia; se você sentir saudades, por favor, não dê na vista, bate palma com vontade, faz de conta que é turista” – Chico Buarque, 1967.

“Meu coração, não sei por que, bate feliz, quando te vê e os meus olhos ficam sorrindo e pelas ruas vão te seguindo, mas mesmo assim foges de mim” – Pixinguinha, 1917. Reverenciadas, estas duas últimas recebiam apenas palmas.

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