Iria na semana passada com meu primo Cláudio Narciso à UAI – Unidade de Atendimento Integrado, para fazer a vistoria no meu carro. Ao convidá-lo, falei da dificuldade de as mulheres frequentarem ambientes masculinos. Nesses lugares, se a mulher estiver com um menino de 12 anos, o mecânico falará com a criança e não com ela. Também me lembrei da proprietária de uma das primeiras lojas de informática da cidade para venda e conserto de computadores. No ramo há mais de 20 anos, a técnica contou-me que, estando detrás do balcão com dois adolescentes aprendizes, um cliente, ignorando-a, falou com um dos rapazes acerca dos produtos expostos. Ele não soube responder.
Percebi depois que o site Detran me conduzira a marcação errada na UAI, que não faz vistoria do veículo e sim emite a 2ª via do CRV – Certificado de Registro de Veículos após vistoria. Marquei no lugar correto, no mesmo horário. Deve ser uma coisa de outro mundo uma mulher chegar sozinha a uma ECV – Empresa Credenciada de Vistoria, porque, Fernando, meu filho, ficou sentado numa cadeira próxima, não falou e nem olhou para ninguém, apenas ria vendo o celular, enquanto um dos técnicos me perguntava pelos documentos através de siglas estranhas. Eu disse não saber ao certo, mas que todos eles estavam naquele envelope, que ele verificasse para mim. Surpreso, ele disse estarem corretos, e perguntou pelo despachante. Eu disse: fiz tudo sozinha. O espanto foi ainda maior e tem um nome, aliás três nomes: machismo, etarismo e capacitismo.
No envelope estavam o Boletim de Ocorrência – Comunicado de Extravio/ Roubo ou Furto de Documento, preenchido por mim com assinatura e firma reconhecida em Cartório de Notas – custo: R$32,86; DAE - Documento de Arrecadação Estadual da 2ª via do CRV com vistoria na ECV - custo: R$137,27; IPVA – Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor – custo: R$2.786,56; DAE - Documento de Arrecadação Estadual de Taxa de Renovação de Licenciamento de Veículos – custo: R$39,36. Apresentados os documentos, foi gerado outro que foi assinado e pago por mim – custo: R$121,43. A vistoria demorou quase uma hora, com dois profissionais olhando por cima, por baixo, por dentro e por fora, de luvas, com uma lanterna na mão. Por fim deram o positivo e saí com um documento Laudo de Vistoria Eletrônica de Veículos Automotores escrito “aprovado” nas mãos. No dia seguinte fui a UAI, onde, após esperar 45 minutos pelo atendimento de mais de 50 pessoas, falei com a servidora pública. Perguntei sobre a fila preferencial. Disse existir, ap
ontando qual era, mas pouco procurada. Pediu-me uma cópia da habilitação, para ser anexada. Resolvido isso, fui ao guichê após ser chamada através de uma senha, e lá entrei com um processo para conseguir o CRV, o qual acompanharei por QR Code – “Quick Response” ou Código de Resposta Rápida por cinco dias úteis. Com o CRV conseguirei o CRLV – Certificado de Registro de Licenciamento de Veículos de 2024. Oh Glória!, como diria com seu bordão Davi Ferreira, pastor evangélico. Os fatos me fazem sentir forte e capaz.