Mara Narciso

Mimimi

Publicado em 05/05/2025 às 19:00.

O curioso para mim é uma pessoa praticar machismo, racismo, misoginia, homofobia, transfobia, fascismo, eugenia, bullying, assédio moral, assédio sexual, e com isso criar ambientes tóxicos, mas não querer que se dê os nomes corretos a esses comportamentos, que na opinião dela recebe um único nome: mimimi.

Como não dá para mudar todos os dicionários e suas definições, pessoas assim deveriam recuar um passo e mudar a maneira de tratar os outros. O pensamento é dela, mas a verbalização pertence a todos.

Aos praticantes desses crimes travestidos de liberdade de expressão tudo e às vítimas resta-lhes o choro? Não! Que se sirvam de testemunhas e acionem a lei! – Deixa de frescura! Sempre foi assim! – Ah, é? Pois se sempre foi assim que comece a mudar agora!

Depois de séculos, naturalizando pessoas como suas propriedades em relações amorosas, de amizade ou de trabalho, que as denominações corretas sejam usadas, as tentativas de domínio cessem, e se instale um ambiente saudável. Quando uma presença lhe incomodar, afaste-se, discretamente.

Uma vez, há 45 anos, meu tio apresentou-me um amigo que estava em sua casa: – este é fulano de tal! E o apresentado: – muito prazer, sou divorciado! Alguns anos depois, em outra situação outro homem me é apresentado, e esticando a mão me diz: – muito prazer, sou vasectomizado. Falas simpáticas é que não foram, e sim dizeres machistas, se posicionando de forma territorialista de macho dominante, mostrando para a mulherada que estava na área.

Aquele que não quer perder nem sequer um privilégio, quando se sente ameaçado, põe-se a se definir como pessoa melhor que as demais. São meras crenças. Na opinião desse homem branco, heterossexual e rico, ele estaria no topo de pirâmide e tudo faz para não perder seu espaço. Em geral, a sociedade o vê por essa mesma ótica.

Nesse país miscigenado em que a quarta geração poderá ter pele muito levemente amorenada, aqui considerada branca, mesmo tendo um bisavô de pele negra, alguns, nessa condição, se julgam arianos e pregam a eugenia, mas deveriam se encontrar com sua ancestralidade e parar com o discurso racista, ou o pior, a negação do racismo.

Até quem defende minorias, na verdade maioria menorizada por pequena representatividade política e vozes silenciadas, se confunde na linguagem. Por outro lado, os oponentes se mobilizam em ação contrária à existência desses grupos, por não suportarem suas presenças e até suas existências.

Os que negam a ciência e a terra redonda são os mesmos que são contra políticas públicas, distorcem a realidade e não conseguem ouvir o contraditório. Tudo precisa ser como imaginam que seja.

É difícil conviver com pessoas teimosas, que se julgam certas, pois se agarram às suas crenças, além disso vivem dentro de suas bolhas, e se alimentam de fake news. A coincidência de seu modo de pensar com a de seu amigo de bolha reforça sua crença. Um e outro se retroalimentam. É um grupo grande, porém, mais gente na outra metade vive a realidade e a verdade. Os dois grupos não se suportam e essa rixa aumenta a cada dia. Melhor evitar o debates.

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