Mara Narciso

Mentiras que viram verdades

Publicado em 02/10/2023 às 19:00.

Quando Wilson Simonal, um cantor negro, considerado um showman foi acusado de delatar artistas opositores ao governo autoritário de então, acabou linchado como alcaguete. Ocupava os melhores palcos e, sem conseguir contratos, foi ao ostracismo. Era 1972, quando “O Pasquim” fez frente à patrulha ideológica. Tempos depois, os seus defensores fizeram o filme “Ninguém sabe o duro que dei”, verso de uma das suas músicas, com depoimentos de como foram os fatos. Argumentaram que Wilson Simonal não comentava sobre política e não ligava sua imagem às manifestações de resistência à Ditadura, por isso foi alvo. Consideram ter havido racismo, em vista de que Roberto Carlos, com comportamento semelhante, não ter sido importunado.

Uma injustiça brutal aconteceu com a Escola de Educação Infantil Base em São Paulo em 1994. A notícia assombrou a população quando, em furo de reportagem, acusou-se os proprietários Icuchiro Shimada e Maria Aparecida Shimada de abusos sexuais contra crianças de quatro anos. Aconteceram todos os vilipêndios ao nome da instituição, ao prédio e aos seus donos e funcionários. Vistos como monstros, tiveram suas reputações destruídas pela opinião pública instrumentalizada pela imprensa. Quando as investigações concluíram que as acusações eram infundadas, foram absolvidos, mas não inocentados publicamente. Já falecidos, um documentário tenta resgatar-lhes a honra.

Desde 2013 vive-se numa sociedade que criminaliza a política, como se fosse possível viver sem ela. Por outro lado, politiza-se as ações do Supremo Tribunal Federal - STF. O judiciário é considerado uma ditadura de toga devido aos seus superpoderes, assim como, contraditoriamente, por que garantiu a manutenção da democracia em 08 de janeiro. Luiz Inácio Lula da Silva, o vencedor das eleições com 60 milhões de votos já estava empossado. É soberbamente conhecido, com polpudas provas documentais e testemunhais, os crimes eleitorais dos vencidos em 2022, ainda assim, quiseram contrariar a decisão da maioria dos brasileiros. Chamaram sua ação de contragolpe, dizendo que as eleições foram fraudadas, enquanto os observadores estrangeiros e os testes feitos mostraram o contrário. Queriam desfazer o segundo turno porque perderam, porém mantendo o primeiro turno intacto porque ganharam.

Assim como, delirantemente, acreditam na terra plana, criacionismo, cloroquina para covid, banheiro unissex e kit gay, trazem pautas conservadoras nos costumes, querendo retroagir em relação às terras indígenas e união homoafetiva, que existe oficialmente desde 2012. Quanto aos assuntos difíceis como descriminalização do aborto e definição da quantidade de maconha em mãos para ser porte, opositores espalham mentiras.

Eleições municipais chegando, por quase nada, detratores que não gostam das ideias de um político, o desmoralizam com crimes contra a honra. Diante de reiteradas acusações, sem respaldo de materialidade, demonizam pessoas para as impedir de vencer o pleito. Estão faltando senso de realidade e redução da espetacularização da política.

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