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Terça-Feira,29 de Outubro
Mara Narciso

Livros e saudades

Publicado em 07/10/2024 às 17:02.

Quando a velha geração se for, e os livros não mais interessarem aos restantes, apenas o e-book terá vez, assim, de forma nostálgica, é preciso falar dos livros impressos. A ligação e a parceria com o livro são catalisadoras do rendimento da vida estudantil e pós-estudantil. Mais do que o comprar e ofertá-lo, é preciso lê-lo e comentá-lo, para dar exemplo às novas gerações.
 
Lendo sobre contos de fadas, memória literária feita por Carlúcia Sampaio no Facebook, lembrei-me de dois livros da infância: "O Rouxinol" e "A Menina e o Sabugueiro". As estórias se passavam na China e as ilustrações de poucos traços eram em preto e branco.
 
Depois, veio-me à lembrança um único disco de estórias, que tínhamos em casa. Não era um LP-Long Play, depois chamado vinil; tinha tamanho menor e contava duas aventuras: "O Gato de Botas" e "O Pequeno Polegar". Havia ilustrações na capa e contracapa referentes a cada uma das narrativas. Uma musiquinha dizia: "Pequeno Polegar, Pequeno Polegar, nasceu pequenininho e pequeno há de ficar".
 
Na casa de Tia Ninha, havia coleções de livros infantis dos Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen, assim como disquinhos transparentes coloridos com estorietas como: "Pedro e o Lobo", "A Formiga e a Neve", "A Bela Adormecida" e "João e Maria". Ouvir representações teatrais desperta o desejo pela leitura.
 
Meus pais Alcides e Milena tinham poucos recursos para esse fim, e muita vontade de despertar nos filhos o gosto pela leitura: ele pelos jornais e revistas e ela pelos livros. Exemplos deram a partir do interesse pelos impressos e pelos filmes, e deu certo. Quando meninos, ler, ver TV e ouvir rádio em família eram divertidas brincadeiras.
 
Dia desses, meu irmão Helder me enviou a personagem em quadrinhos Luluzinha, com seu indefectível vestido vermelho, lendo uma revistinha. Bateu-me um aperto saudoso no peito; Milena foi incansável na leitura de estorinhas para seus pequenos.
 
À medida que os livros saem de moda e os parcos leitores migram para o e-book, os escritores, editores e assemelhados se esmeram em produzir muito mais que literatura impressa em papel, coberta por capa, contracapa, orelhas, minibiografia, resumo da obra, folha de rosto, nome do livro em letras grandes, ficha catalográfica, dedicatória, índice, apresentação, prefácio, o conteúdo e por fim o posfácio.
 
Ao percorrer um livro, tem-se em mãos uma obra de arte proveniente de um projeto gráfico. Os impressos atuais vendem conteúdo, estética, beleza, harmonia, refinamento, textura, contraste e odor de papel e tinta. Ao se vender um livro se vende arte, uma reverência dos editores aos amantes da literatura, empenhados em agradar quem vai ler, fazendo da leitura uma rica experiência, cheia de nuances de satisfação, objetivo possível, mesmo na era digital, e assim, os autores conquistam mais leitores.
 
Quando a leitura de um livro terminar, e surgir saudade do seu conteúdo, eis a solução: abra outra capa, assim que possível, para viajar em mais uma bela escrita.

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