Eduardo Bueno, escritor e youtuber gaúcho conhecido nacionalmente e autor de mais de 30 livros, se diz falastrão, que não tem formação de historiador e algumas vezes não conta a História exata, mas eu, que conheço quatro dos seus livros digo o oposto, mesmo sem ter a exatidão de documentos, é quem melhor fala sobre o passado. Li “A viagem do descobrimento”, “Náufragos traficantes e degredados”, “Capitães do Brasil” e “A coroa, a cruz e a espada”. O roteiro pode ter sua dose de inverdades, mas é magnífico, convincente, verossímil, e sim, tudo poderia ter acontecido daquela maneira romanesca.
Sexta-feira última, em uma live chamada “Afogando em números”, o escritor falou de perdas ainda em avaliação, referentes ao dilúvio bíblico que acometeu o Rio Grande do Sul, afetando 85% do seu território. Falou de mortos, destruição de edificações, carros, comércios, fábricas, entrando na seara livreira de Porto Alegre, sua cidade natal. Listou nomes de editoras, depósitos de livros, gráficas, livrarias, bibliotecas, sebos, fábricas de papel, livreiros e autores e dessa contabilidade convidou para o evento “Feira do Livro Reconstrói RS” no último fim de semana, no Centro Cultural, com intenção de socorrer o mercado de livros. Estava programado debate com Marta Medeiros e Carla Madeira, como também rodas de conversa, palestras, teatro infantil, livraria, uma verdadeira feira do livro com preços promocionais. Falou de escritores conhecidos envolvidos na reconstrução desse mercado, como Luís Fernando Veríssimo e a força de nomes consagrados do passado como Mário Quintana e Érico Veríssimo.
Isso me fez lembrar do 3º FLAM – Festival Literário do Autor Montes-clarense 2024, ocorrido de dois a onze de maio. Tivemos uma programação diversificada, com visitas de escolas, livraria com seção infantil, contação de histórias, teatro infantil, palestras, roda de conversa, lançamentos de livros, todo leque de interesses dos apreciadores de literatura. A atividade criada por Júnia Rebello no início de 2022 para dar vazão a livros publicados, mas não lançados devido à pandemia, uniu a Academia Feminina de Letras de Montes Claros – AFL e a Academia Montes-clarense de Letras - AML, cuja maior intenção era dar visibilidade ao autor nascido ou radicado em Montes Claros.
Na esteira do FLAM a AML seguiu com a campanha “Leia um autor montes-clarense” veiculada no Facebook, onde foram postadas dia a dia e de cinco em cinco, fotos de escritores no instante sublime do autógrafo. Publiquei 150 imagens de 58 escritores, porque muitos já publicaram mais de um livro. Isso culminou na continuidade das vendas acontecidas no FLAM, pois as pessoas passaram, através do Facebook, a procurar e encontrar autores vistos na campanha.
As belas letras formam a Literatura, fonte de conhecimento e prazer. Continuemos firmes escrevendo, publicando, vendendo e lendo livros. Que os gaúchos, através da Feira do Livro consigam se levantar com a própria coragem mais a solidariedade de todo o país. Que os profissionais de livros do RS atinjam seus objetivos reconstrutivos!