Mara Narciso

Justiça para as borboletas!

Publicado em 28/08/2023 às 19:00.

Quem já foi injustiçado sabe como são a dor e o despertar de sentimentos ruins como revolta e indignação. A internet em sua amplidão e volatilidade faz seus justiçamentos sumários com cruéis linchamentos públicos. A onda passa feito um tsunami, a partir de premissas como “se parece, deve ser”, e jaz um cadáver escalpelado e triturado publicamente. E quando vem o desmentido, nem de longe tem o vigor da primeira onda. O que foi manchete no topo das primeiras páginas chega numa notinha de rodapé com letra miúda. Todos conhecem casos de destruição da reputação de alguém, após uma avalanche de calúnias. Esse foi o motivo do suicídio de Luiz Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, acusado de desvio de verbas sem provas pela Lava Jato - 2017.

Dilma Roussef foi vítima de violência de gênero e lawfare. O termo significa guerra jurídica, sendo resultante das palavras law – lei e warfare – guerra. Com a manipulação das leis, abate o oponente, desrespeitando procedimentos legais e direitos do indivíduo alvo. O inimigo da ex-presidente era Eduardo Cunha, então presidente da Câmara de Deputados que, célere, aceitou o pedido de impedimento em cima da acusação de pedaladas fiscais. Michel Temer, vice-presidente de Dilma, admitiu o golpe contra ela em entrevista à TV Cultura - 2019. Pressionado pela opinião pública manipulada pela mídia golpista, o STF por oito a dois, entendeu que não houve cerceamento à defesa de Dilma e o processo de impeachment seguiu no Congresso. Dilma foi linchada e desapeada do poder na metade do seu 2° mandato. Era 2016. Agora, 7 anos depois vem o veredicto: não aconteceram as pedaladas fiscais. Não houve maquiagem das contas públicas. Dilma é honesta e perdeu injustamente seu mandato. O vento levou a boa notícia, silenciosamente, 
já que a ex-presidente não recebeu retratação pública.

Lula está no poder há oito meses, com aprovação de 60% - Quaest, mesmo com todas as ações antidemocráticas que fizeram com que seus seis milhões de votos de frente se reduzissem a dois milhões nas últimas eleições. Ilegalidades eleitorais com provas foram amplas e deram aos infratores a certeza da vitória, por isso não tiveram o trabalho de apagar provas incontestáveis. Depois veio o oito de janeiro, a tentativa de golpe, com invasão e destruição da sede dos três poderes da república, para o presidente Lula decretar a GLO – Garantia da Lei e da Ordem e o Exército tomar o poder. Lula não fez o decreto e o golpe não se concretizou.

A grande imprensa calou-se quanto ao arquivamento das acusações contra Dilma. Lula também sofreu lawfare, sem provas, foi injustiçado por um juiz parcial e ficou preso por 580 dias. As condenações de Lula foram anuladas pelo STF e Dilma Rousseff é presidente do Banco dos BRICS.

A população precisa ficar atenta para evitar injustiças nas quais a reputação das pessoas é enxovalhada e não retratada quando vem a absolvição. Um fato apurado – O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por que? - vira notícia, mas uma opinião nunca será um fato.

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