Possivelmente nunca houve nem haverá político mais sincero e mais honesto que o escritor e jornalista Graciliano Ramos. Álvaro Paes era governador de Alagoas, quando o escritor foi prefeito de Palmeira dos Índios. Com senso crítico apurado, findo o trabalho, escreveu ao chefe, em 1929, para prestar contas de cada mil reis gasto na cidade, citando cachorros mortos e terrenos nivelados. Foi um crítico duro do que fez, e considerava sua gestão inútil. Lendo sua carta, uma peça literária, fica-se imaginando se algum político, exceto Graciliano Ramos ousaria desnudar-se daquela maneira.
Há muito não se vê verdade, sinceridade e franqueza na informação. O que ocorre, o chamado fato, é seguido por narrativas tão díspares, que parecem acontecimentos opostos. Todos os meios de comunicação têm um lado e dele sobrevive. Continua-se a ouvir pessoas desconectadas da realidade, achando, convictamente que o mundo inventado é real. Isso acontece devido às fontes de informação oponentes que alimentam cada grupo, além das traiçoeiras interpretações. Quando a pessoa vê sua vontade política contrariada, já que cada um tem recebido notícias opostas, descredencia quem traz a mensagem. Quem opina sobre fake news produz uma fake opinião.
Há anos existe um movimento de descrédito aos meios de comunicação. Até recentemente, o que não aparecia no Jornal Nacional da Rede Globo, não merecia atenção. Há os que ainda pensam assim. Por outro lado, o jornal televisivo, que antes era o mais assistido do país, esvaziou-se, porque conseguiu desagradar à esquerda moderada e à extrema direita. A audiência caiu consideravelmente e muitos dizem não o assistir há anos.
Quem se informou nos meios de comunicação governistas que apoiavam Jair Bolsonaro, tem uma visão de mundo contrária aos acontecimentos e um apoio cego ao ex-presidente. Os acontecimentos negativos do governo foram informados como positivos por esses meios de comunicação viciados, enchendo a audiência de fake news, narrativas, interpretações e opiniões como se fossem notícias. Além do negacionismo, robôs disparados milhões de vezes desinformavam quem comia mentira ou versão como fato. Essa maneira de ver o mundo tomou um formato pétreo, e a pessoa não consegue aceitar a realidade, que para ela são invenções.
Como a grande mídia, também chamada de comercial, corporativa e tradicional permanece defendendo seus interesses econômicos e afaga patrocinadores, acabou por afugentar quem queria receber fato e não narrativas. Há quase 12 anos existe a mídia alternativa ou de resistência, no Youtube e em outras redes, e arrebanhou muitos seguidores.
São vários canais democráticos, plurais e progressistas cuja considerável audiência banca mídias como o TV 247, Meteoro, DCM, TV Fórum, Galãs Feios, Reinaldo Azevedo, Bemvindo Sequeira, Greg News e outros. É bom saber que existem fontes noticiosas que, se puxam pelo centro esquerda, por outro não invertem a notícia. Isso dá segurança na hora de buscar uma informação próxima da real.