Mara Narciso

Galãs feios

Publicado em 15/04/2024 às 19:00.

Quando saiu a 2ª edição de “Segurando a Hiperatividade”, meu primeiro livro escrito há 20 anos, soube da existência dos “Galãs Feios” através da escritora catarinense Urda Alice Klueger. Ao ler meu livro, disse-me ter sugerido aos “Galãs Feios” fazer-me uma entrevista.

Através do Google, achei os jornalistas Helder Maldonado e Marco Bezzi, ambos espirituosos e vocacionados ao humor. Há dois anos os sigo, ouvindo a live com fones, durante trabalhos domésticos. Programada para ser de 15h as 17h, começa às 15h15m.

Trata-se de um canal progressista de viés esquerdista, porém não chapa branca, cujo ponto central são matérias ou vídeos de políticos, de famosos e populares com conteúdo pitoresco, absurdo ou engraçado, que são colocados na tela com pausas, comicidade e análises dos dois. Também leem mensagens pagas pelo público. Há uma pauta combinada, mas o roteiro poderá beirar ao nonsense. “Humor, opinião e denúncia para encarar a política, a vida e a cultura pop”, descrevem-se.

Helder Maldonado criou a página “Galãs Feios” no Facebook em abril de 2016, e depois migrou para o Youtube. Com 39 anos, casado com Patrícia, tem um casal de filhos nascidos no mesmo dia em anos diferentes. Com corpo malhado, pele clara e cabelo em corte tradicional, fala do futebol jogado no final de semana e torce pelo Corinthians. Tem preparo teórico e faz comentários com conteúdo técnico.

Morando com seu gato Mathias, este em cena apenas no sábado, Marco Bezzi, de 49 anos, tem pele clara, óculos, barba e cabelos pretos grisalhos presos para trás com uma tiara, tem voz grave bonita e ri dos próprios erros de Português. Já foi casado e Théo é seu único filho. Bezzi é o mais engraçado dos dois. Louco por rock e futebol, torce pelo Palmeiras.

César Calejon tem participado de duas lives por semana, uma em companhia de Bezzi e outra com Maldonado. É culto, escreve livros, pratica surf e fala gíria e palavrão para quebrar o protocolo, já que é comentarista político sério. É quase um galã.

A chamada é provocativa: “notícias e polêmicas do dia”. Com 954 mil seguidores, com público em média de 10 mil pessoas durante a live, cultivam o desejo de, ainda este ano, chegar a um milhão de adeptos. O que mantém o canal, e isso o faz independente, são as doações do público via PIX e cartão de crédito durante as lives. O financiamento coletivo sustenta o canal.

O departamento jurídico cuida dos conflitos e evita prejuízos advindos dos processos judiciais que acontecerem. Pelo que transparece, a dupla faz quase todo o trabalho: produz conteúdo, busca notícia, vídeos e idealiza a abordagem humorística. As lives rendem recortes de 10 minutos.

Maldonado tem boa retórica e capacidade para escrever o que fala. Aos sábados, no entanto, o que narram às 15h em “Os piores vídeos da semana” parece ter sido escrita por um roteirista. Aqui as gravações acontecem de pé na casa de cada um deles. Esse quadro de meia hora é certeza de gargalhadas.

Haja o que houver, estou de ouvidos colados nessa programação paulistana. Façam o mesmo! Eles não são feios.

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