Quando começa dezembro, com o susto da proximidade do fim de ano, vem a pressa, vontade de acelerar, fazer coisas que não foram feitas ao longo de 334 dias, em especial arrumar a casa e faxinar as gavetas, limpar para dar espaço para coisas novas.
Dias depois da estreia do mês 12, vem uma espécie de tristeza, momentos de reflexão e alguns arrependimentos. Uma parte se esbalda nas festas de confraternização, trabalho, família, Natal e Réveillon, enquanto outra parte vai rezar ou lembrar de uma doença, uma morte, uma decepção, motivos para odiar essa época.
A retrospectiva do último ano não vem apenas na televisão, com o indefectível show do Rei Roberto Carlos. Algumas pessoas gostam de mentalizá-la: saúde física, mental, financeira, amorosa, amigos, realizações, frustrações. Metas não atingidas podem ser novamente recolocadas com novo prazo. Mas desta vez, menor.
Ser exigente consigo mesmo é adequado quando aquilo depende apenas de você, porque o que vem do outro, sua vontade não governa.
Para o ano novo, muitos fazem um rol de intenções que podem se tornar firmes propósitos, desde que haja fôlego, audácia e coragem. Cada idade terá objetivos diferentes, baseando-se no nível de saúde e de decepções. Não terceirize o que sua covardia não deu conta de fazer. Assuma seus fracassos e, com firme intenção, se ainda der tempo, refaça algo de forma comprometida.
Uma lista aleatória como sugestão poderia ser: ano que vem serei melhor, não mentirei, cumprirei o prometido, cuidarei da saúde, farei exercícios, me alimentarei de forma mais saudável, lerei mais livros, visitarei pessoas que gosto, rezarei mais, farei caridade, respeitarei as pessoas, controlarei minha ira, adotarei um animal abandonado, não transgredirei...
Anos que não começaram, anos que não terminaram, três anos perdidos devido a pandemia, o que fazer para recuperar parte das ações que poderiam ter sido levadas a termo nesse período? É inútil correr atrás do tempo perdido, nossa maior fortuna. Lamentar para quê? Viva e deixe viver.
Que os adultos façam de suas vidas o que melhor lhes aprouverem, desde que não cometam crimes. Não faça como eu estou fazendo aqui, ou seja, não dite normas nem regras. Cada um deve escolher livremente seu caminho, ainda que, quando alguém conta uma coisa a você, já o está autorizando a opinar.
No âmbito pessoal, minha coragem não me deixou fazer muito, mas do pouco que fiz, gostei do resultado. Consegui consertar a mim – certamente alguns reparos de saúde bucal e corporal, também arrumei objetos e fiz algumas substituições. Recuperei contatos e não deixei ninguém para trás.
Aos poucos, reintegrei-me aos grupos de que já participava, com idas e vindas. Publiquei um livro, lancei outro. Li vários livros e escrevi todos os dias.
Na minha medíocre vida, 2022 foi melhor que 2021. Que venha 2023 e que eu tenha saúde para viajar à praia e ver o ano que vem terminar.