Para aquelas pessoas que, na política, praticam fala agressiva, fechando a frase num berro, dando um ponto final sem espaço para resposta, saibam que esse comportamento se chama política rasteira. O grito visa calar o oponente, mas isso não tem funcionado. As mulheres deputadas não se calarão no Parlamento.
É inútil tentar entender posições antagônicas, que não são duas visões opostas de um mesmo fato, com argumentação coerente de cada lado, mas, sim pessoas que partem de premissas inventadas e, pela exaustiva repetição acreditam nela. Ao mesmo tempo negam fatos reais, mil vezes comprovados, fazendo de conta que não existem. Tratoram a realidade considerando-a mentira, mesmo sabendo do contrário. Como ignoram a verdade numa distorção intencional para desestabilizar o oponente, ganham espaço fora e dentro dos seus grupos.
Quem mente por estratégia afirma que invencionices sejam verdades. No caso, esse indivíduo é indigno, porque, negando a realidade mostra ter problemas de caráter, defendendo inverdades conhecidas como tais. É uma conversa de loucos. Seu oponente, por sua vez, desiste de falar para quem não consegue ouvi-lo. Os absurdos que são encaminhados como se verdades fossem, agridem quem tenha um mínimo de bom senso.
Enquanto há os que, inadvertidamente, divulgam notícias falsas e ao sabê-lo, sentem-se imbecis e correm para desmentir, ao contrário, há aqueles que inventam mentiras desonrosas e as espalham ao vento. Os seguidores, dentro de suas bolhas, alimentam-se de material falso, sem outras fontes de informação, criando um mundo paralelo, uma verdade inexistente e a cada renovação da mentira, mais fanatizado fica o grupo dentro daquele espaço onde a realidade não faz sentido.
O fanatismo é uma adoração absurda em que os indivíduos acometidos perdem o senso crítico, e o que é dito pelo chefe é a ordem de como devem pensar. Mesmo vendo, não acreditam, acham que seja algo criado pela inteligência artificial. O delírio coletivo hipnótico é tão forte, que impacta quem não está nele, porém passa a ser a razão de existir de boa porção da população. Mudaram-se e estão num universo mental irreal que parece razoável, já que todos pensam da mesma maneira. A crença de um reforça a crença do outro.
Em algum momento, uma pessoa questiona aquelas inverdades repetidas e tem vontade de escapulir do pensamento único, mas não consegue. Como é mais cômodo ficar, vai seguindo, enquanto a psiquiatria, diante da complexidade da loucura coletiva, não sabe o que fazer.
Falam haver dissonância cognitiva, um paralelismo sem precedentes, mas muitos veem nesse comportamento também uma dissonância moral. Junto à fraqueza de meios racionais, por estarem em grupo uníssono, surge a coragem de salteador, o que resultou nas ações antidemocráticas do oito de janeiro de 2023. Os que foram presos por essas ações, se sentem injustiçados, já que, para eles, o atual presidente não venceu as eleições. O delírio continua. Algum dia reconhecerão que estiveram vivendo numa dimensão irreal, onde negam o que os contrariam?