No dia 8 de abril de 2022, o prefeito de Montes Claros Humberto Souto desobrigou o uso de máscara facial cobrindo o nariz e a boca em locais abertos e fechados. Exceções: transporte coletivo, estabelecimentos de saúde, manipulação de alimentos, cinemas e teatros. Recomendou o uso de máscara para pessoas acima de 65 anos e os portadores de comorbidades. A decisão baseou-se nos 40% vacinados com a terceira dose antiCovid e na flexibilização do uso de máscara em todos os estados brasileiros.
O decreto oficial não fala em fim da Covid-19, e sim, no seu arrefecimento. São fatos separados. O comportamento das pessoas vacinando-se e evitando aglomerar-se poderá alterar os recuos e avanços nas contaminações e mortes. Cada local tem autonomia para decidir como administrar a tragédia sanitária que devastou o planeta.
A Coreia do Norte fechou suas fronteiras para evitar a doença, mas informou que a Covid está presente no país. Não há vacinação, porque para tal precisaria seguir critérios e vigilância internacionais, itens proibidos num regime totalitário. Xangai, na China, com 26,5 milhões de habitantes, teria setores em lockdown até 15 de maio.
Com a proporção de 300 óbitos por 100 mil habitantes, os Estados Unidos ultrapassaram um milhão de mortes pelo coronavírus. O Brasil, com 309 óbitos por cem mil pessoas, tem mais de 665 mil mortes por Covid, mas, sem testes suficientes, o número deve ser maior. Baseando-se em índices de óbitos anteriores à peste macabra, a Organização Mundial de Saúde (OMS) supõe serem 15 milhões de vidas perdidas para a pandemia, e não 5 milhões.
Estar mascarado foi tão necessário quanto estar vestido. Que mal há em ficar de máscara? É como uma roupa íntima, que se coloca e se esquece dela. Ruim é ouvir falas contra isso. Antes de essa tragédia começar, ninguém preveria vigilâncias faciais. Para além do desconforto coletivo, há o constrangimento individual. Se há alguns meses, exibir o nariz era considerado imoral, agora, a mesma avaliação se dá pela situação oposta.
Quem aparece com nariz e boca atrás da máscara é visto com desdém, ouvindo comentários de desprezo como: ainda de máscara? Nem lhe reconheci com esse bico de pato. Vai usar isso para o resto da vida? Ninguém consegue ser dono do próprio nariz, devido à patrulha e combate da língua alheia.