Mara Narciso

Coração

Publicado em 29/08/2022 às 23:43.

O coração de Dom Pedro I, morto de tuberculose aos 36 anos de idade, após 188 anos, atravessou o Oceano Atlântico e recebeu honras militares no Brasil, sendo levado a subir a rampa do Palácio do Planalto na semana passada. Separá-lo do corpo foi ato de vilipêndio ao falecido. Quando estudei anatomia, tive corações em minhas mãos e, ainda assim, não suportei enxergar a peça anatômica para lá de macabra.

Houve uma época em que se pensava que as emoções eram ditadas pelo coração, um músculo estriado, de anatomia complexa, com quatro câmaras conectadas por válvulas, e cordoalhas tendíneas para impedir que se vire pelo avesso. 

É um órgão que não pode parar e seu ritmo de trabalho é alterado pelos abalos afetivos.

Quando a artéria coronária, cujo sangue nutre de oxigênio o músculo cardíaco se obstrui por coágulo sobre placa de gordura, acontece o infarto que é a morte das células musculares adiante do entupimento. 

A manifestação é uma dor intensa, a mais forte de todas. Quando afeta uma parte grande do coração é o infarto fulminante.

Pessoa má é aquela que não tem coração e quem faz caridade tem bom coração. Ter medo é ficar com o coração na mão. Quem está apaixonado desenha corações que em nada lembram o órgão bomba, projetado para bater mais de cem anos. 

Ao nascer ele está funcionando há nove meses, e com seus 80 batimentos por minuto, durante uma vida terá feito borbulhas de amor e de ódio por 2,5 bilhões de vezes, porque são em média 37 milhões de pulsações por ano.

Cuidemos dos nossos sentimentos. Que se mantenha um peso adequado, fazendo exercícios físicos regulares, usando pouco sal, açúcar e gordura, mais verduras, legumes e frutas, seguindo os bons conselhos que nos são dados de graça.

Em “Coração Materno”, de Vicente Celestino, a moça, diante do rapaz apaixonado, como prova de amor exige o coração sangrante da mãe dele. O malvado arranca o coração daquele peito e o está levando pulsante para a amada, quando quebra a perna numa queda pelo caminho. Tétrico mau-gosto que virou filme.

Borbulhas de Amor, de Fagner: “Esse coração não consegue se conter ao ouvir sua voz, pobre coração, sempre escravo da ternura”.

Carinhoso, de Pixinguinha: “Meu coração, não sei por que, bate feliz, quando te vê, e os meus olhos ficam sorrindo e pelas ruas vão te seguindo, mas mesmo assim, foges de mim”.

Pessoa má é aquela que não tem coração e quem faz caridade tem bom coração. Ter medo é ficar com o coração na mão. Quem está apaixonado desenha corações que em nada lembram o órgão bomba projetado para bater mais de cem anos. 
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