Mara Narciso

Cartas

Publicado em 08/12/2025 às 19:00.

Atendendo à sugestão da Acadêmica Míriam Carvalho, o gênero literário da Antologia 2025 da Academia Montes-clarense de Letras – AML foi Cartas. O destinatário poderia ser qualquer pessoa em qualquer época, inclusive o próprio autor.

Para quem não conheceu ou não mais se recorda, carta era uma comunicação entre duas pessoas através de uma mensagem escrita a caneta – ou pena em um papel – ou papiro, que, envelopado – ou enrolado atravessava curtas ou longuíssimas estradas através de mensageiros pedestres ou montados em mulas, através dos séculos, até irem motorizados no solo ou pelos ares.

A carta unia duas pessoas e receber uma carta era sinal de consideração, um abraço simbólico, uma satisfação. As viagens eram escassas e pessoas próximas por parentesco podiam estar distantes. Ficavam muitos anos sem se avistar e assim, enviavam cartas com fotografias, dedicatórias e explicações sobre as personagens, assim como notícias ocorridas e por isso vencidas há meses.

Na capa do livro tem escrito “Cartas – Venho por meio desta...” – Academia Montes-clarense de Letras – Antologia 2025 – uma criação de José Chorró –, mostrando o lado remetente do envelope aberto, com fotos dos autores, e o endereço: Praça Doutor Chaves, 32. Na contracapa o lado destinatário: Excelentíssimo Senhor Leitor – endereçado a você, com um selo da AML e seus 59 anos. Embalagem bonita, interessante e original, junto a um projeto gráfico com margens de envelope aéreo em todas suas páginas.

A organização ficou por conta de Glorinha Mameluque e depois Georgino Neto. O conteúdo tem cartas de Andrea Martins, Cyntia Pinheiro, Délio Pinheiro, Dóris Araújo, Edson Andrade, Felicidade Patrocínio, Georgino Neto, Glorinha Mameluque, Ivana Rebello, Karla Celene, Lola Chaves, Mara Narciso, Márcio Adriano Moraes, Míriam Carvalho e Wanderlino Arruda. O livro está disponível com qualquer um dos quinze autores. 

A Antologia Cartas trouxe um gênero, no momento, quase esquecido, dando-lhe um respiro rejuvenescedor. No livro não se lamenta o fim das cartas, substituídas por e-mails, e depois por mensagens instantâneas; fizemos-lhes uma homenagem. Esse resgate não é apenas saudosismo, mas um exercício de derramar sentimentos, emoções, dúvidas e certezas, de uma forma até mais confessional do que em um poema.

Quando se fala de cartas, logo se pensa em cartas de amor, porém, ali ninguém se atreveu a escrever algo ridículo, pois “Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas”, versos de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.

Na carta, cada autor fala consigo mesmo, ou com filhos, netos, amigos, parentes, personalidades, para o futuro ou passado, em uma divertida brincadeira séria e reveladora.

Ano após ano, a Academia Montes-clarense de Letras produz e incentiva quem queira produzir literatura. Somos 40 escritores interessados em ler, escrever, interagir com Academias e escritores, assim como valorizar e destacar a arte e a cultura em geral. Em 2026 a Academia Montes-clarense de Letras fará 60 anos de existência. Celebremos!

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