Quando alguém ama, entrega ao objeto do seu amor os benefícios do sentimento maior. Quem ama quer ver, sentir proximidade e o calor do outro corpo, abraçar, entrecruzar olhares, se entender através deles, como também de mímica, e se sentir bem ao ver o outro feliz.
O amor surpreende quem ama através do desencadeamento de outros bons sentimentos. O apaixonado, outra forma de amar, pela linguagem corporal, mostra como se sente. Olha encantado o outro ser, merecedor do seu afeto, afagos e abraços.
Por óbvio, amar e ser amado é a existência plena. Há previsão de tragédia quando não vem a correspondência amorosa equivalente. O não amado fica despedaçado, e não há nada que se possa fazer.
Um dia, o objeto do seu amor adoece; acama-se, desinteressa-se pela vida, não consegue comer. É levado à emergência do hospital para uma consulta. Há febre alta, suspeita de infecção gravíssima e é preciso ficar internado. Dessa problemática, chega a ir para casa, após o diagnóstico infecioso, mas necessita voltar para uma cirurgia de urgência. O pós-operatório avança devagar, com vômito, prostração, apatia, inapetência. São duas visitas diárias que não acalmam. A permanência hospitalar tem alto custo, e tudo seria inútil sem se chegar à resolução. Os boletins hospitalares são disparados duas vezes ao dia. Chega-se a pensar no pior. No terceiro dia após a operação, quando os recursos estão esgotados, quase a pedido, a alta vem, com uma longa lista de remédios e cuidados para seguir. Na prescrição vem um novo diagnóstico para além da infecção grave, um tumor maligno visto durante a cirurgia, não mencionado antes da alta.
É preciso montar um esquema hospitalar em casa a preços proibitivos. Não é problema, é demanda, daquela em que se começa sem ter a menor ideia dos desdobramentos que virão. O empenho é limite, utilizando-se de toda a energia, recursos escasseados, sentimentos, presença e afeto.
O amor salva, e o ambiente hospitalar, a certa altura, adoece mais do que cura. A evolução de algumas doenças que se cronificam pede saída do hospital e presença de pessoas queridas do enfermo, para distribuir cuidados e amor, fatores tão curativos quanto remédios. O excesso de medicina pode piorar o quadro clínico, e há profissionais decididos que, a certa altura, suspendem soros, sondas e remédios e receitam um banho de chuveiro, à espera de um milagre, que poderá vir.
Aqui, isso ainda não aconteceu. Estou perplexa diante dos acontecimentos, desdobramentos, doença descrita e custos. Com o diagnóstico de piometra – pus dentro do útero de uma donzela, causado por baixa imunidade durante o cio, e câncer de mama, eu consegui trazer para casa Frida, minha cachorrinha preta sem raça definida, que, com seis anos de idade, é considerada idosa. Estou na fase de negação. Há dois anos ela teve dois mamilos amputados em uma tosa.
Está melhorando, e voltou a latir. Aproveitemos a presença dessa lady, uma cachorrinha meiga, educada, amorosa, festiva, delicada, de olhar atento e analítico, um encanto de animalzinho! Eu amo minha Frida Linda!