Luiza Magalhães nasceu em Coração de Jesus a sete de agosto de 1875 e faleceu em Montes Claros em 10 de maio de 1951. Foi uma mulher pequena, morena clara, dinâmica, de personalidade forte, e que se casou com o Coronel Francisco Ribeiro dos Santos. O marido tinha poder econômico e, em Montes Claros, era, entre outros bens, dono da “Cedro e Cachoeira” com Fábrica de Tecidos e Usina Cedro, a 9 km da cidade, usando a água corrente daquele rio para produzir energia elétrica para a fábrica e para a cidade, a partir de 1917.
Sem filho biológico, o casal acolheu sua afilhada Terezinha Ribeiro Pires. Luizinha era mulher forte e decidida, e por outro lado, era generosa, atuante em seu labor, afável e carinhosa com os sobrinhos, que passavam os fins de semana em sua casa.
A residência se localizava na Avenida Cel. Prates onde hoje é o Colégio Imaculada Conceição, e lá recebia a sociedade para suas próprias festas e saraus com cantos, danças e poesias. Enviuvou-se em 1923 e se decidiu por vender a Fábrica de Tecidos Cedro e sua moradia. Mulher aparentemente dependente, fato habitual naquele tempo, seguiu com os negócios, mostrando personalidade.
Em 2006, no jornal O Norte, Ticyana Fonseca entrevistou as sobrinhas de Luizinha Rosalina Pires e Flora Ribeiro Pires Ramos e captou peculiaridades da personagem. Foi benemérita de Montes Claros, pois doou terreno e dinheiro para a construção do Lar Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, uma organização integrante do Coletivo da Sociedade Civil. Com o prédio pronto em 1944, a entidade pertencente à Mitra Diocesana de Montes Claros passou a funcionar e ser conhecida como Orfanato em 1951.
Mulher de fibra, fez história e recebeu como homenagem pelas suas ações filantrópicas o privilégio de denominar a Rua Viúva Francisco Ribeiro, que liga o centro ao Bairro Todos os Santos. Tal nome causa estranheza. Como assim, homenagear a mulher com o nome do marido? Afinal como ela se chamava?
Quiseram trocar o nome da rua, mas recuaram ao saber que, “ao contrário do que muitos pensam, Luizinha não tardou a ser conhecida pelo novo nome, e assinava Viúva Francisco Ribeiro. Gostava de ser reconhecida assim, já que as identidades das mulheres dos coronéis eram muito ligadas ao nome dos maridos”, escreveu Ticyana Fonseca. “Naquela época a mulher era a extensão da família dos pais e depois de casada, do marido”, declarou para a Revista Tempo Terezinha Pires.
A estranha honraria é uma violação aos direitos da mulher que, mesmo atuante ficava oculta. Perguntado, já que era um dos que tencionavam mudar o nome da rua, Wanderlino Arruda informou que “os sobrinhos netos de Luizinha me disseram que a assinatura dela era Viúva Francisco Ribeiro, numa valorização exagerada do marido; então desisti”.
Há cem anos enviuvava-se Luizinha Magalhães Santos, nove anos antes de as mulheres votarem. Não é justo julgar aos olhos de hoje a Câmara de Vereadores por escolher o marido para receber as distinções que seriam de Luizinha, ele que já dava nome à Praça Coronel Ribeiro.