Simploriamente, leituras e experiências sugerem que a música possa ter existido até mesmo nas cavernas e, primitiva, foi se tornando complexa, andou o mundo e foi criada em cada local de uma maneira diferente. A música apresenta facetas múltiplas, com peculiaridades em cada região. Adiante surgiu a música erudita, com suas partituras e orquestras, o clímax do chamado bom gosto.
O ser humano é musical e tão criativo que nem sempre é possível classificar uma música dentro de um gênero. Observa-se que gerações diferentes não costumam gostar do mesmo tipo de música. Não se trata apenas de preferência, mas de ouvido musical.
Vicente Celestino fez sucesso com “O Ébrio” - 1946 e “Coração Materno” - 1951, músicas com exacerbada dramaticidade. Nelson Gonçalves possuía voz empostada, estando no auge na década de 1950 com sua “A volta do boêmio”. Quem gostava de Nelson Gonçalves, criticava o exagero de Vicente Celestino.
João Gilberto e sua Bossa Nova, junto a Vinícius de Morais, Tom Jobim e outros, foram a novidade de 1950. A maneira intimista com banquinho, violão e temática leve, desprezava as apresentações de então. Roberto Carlos surgiu em 1961 com “Louco por você”, álbum renegado por ele, e depois veio sua singela Jovem Guarda. Esses dois grupos e seus fãs pouco se misturavam. A Tropicália de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa coexistiu com esse último movimento e parte dos fãs de uma vertente circulava entre uma e outra.
O rock e sua rebeldia viveram e vivem junto à MPB – Música Popular Brasileira de Chico Buarque, Milton Nascimento, Beto Guedes e companhia. É comum a geração do rock e da MPB gostarem de ambos os gêneros musicais.
O Samba de Martinho da Vila, Benito de Paula e Paulinho da Viola costuma ser discriminado e alguns o consideravam marginal. O Soul e Funk de Tim Maia lhe caem magnificamente. Nessa miscelânea de ritmos e modos de cantar há público para todos, ainda que Gonzaguinha tenha dito que “há muito sabiá para pouca palmeira”.
De um modo geral, observou-se um empobrecimento melódico e poético nas músicas e letras brasileiras. É comum ver-se sucessos em nível nacional com produções simples com poucos versos e acordes. A sexualização das letras retirou o romantismo de outros tempos.
Os ouvintes idosos querem conforto e som moderado nos shows, assim, não apreciam o que faz sucesso entre os jovens de hoje, indo embora quando começa o sertanejo universitário, rejeitado pela maioria deles. Por outro lado, os jovens reclamam do som nos bares que tocam MPB, para eles “música de velhos”.
Os gêneros estão atrelados à posição política, classe social e variedade cultural. Como se não bastasse o etarismo há também preconceito musical, em especial com o Rap, Hip Rop e Funk eletrônico, por serem música das periferias. Não gosta? Não ouça.
Antes de entrar num bar, certifique-se sobre o gênero da música local, se há couvert artístico e se a altura da música possibilita conversar. Nem tudo precisa virar debate.
Música é a linguagem universal e sua função é unir as pessoas pelos ouvidos.