Para emoldurar seu trabalho de 30 anos, “A Arte Rupestre na Pré-história do Médio São Francisco” – norte de Minas e sudoeste da Bahia, o historiador e escritor Dário Cotrim recorta ciências afins. Partindo da ufologia, paleontologia de dinossauro e humana, espeleologia, geologia, antropologia, etnologia – estudo dos povos originários o autor foi semeando conhecimento, num extenso leque de saberes. Tal esforço resultou num livro fascinante.
Modesto, disse ser, a obra, os primeiros estudos para futuro desenvolvimento, não se tratando de um livro científico. Não importa, porque o autor deixa sua marca sobre o tema.
Formação, localização e contribuição dos povos indígenas, assim como a atuação dos jesuítas que não respeitaram suas crenças e os catequizaram, são bem destrinchadas por Dário Cotrim.
Em sua incrível obra estão listagem, localização e características de grutas, lapas e grunas da citada região, lembrando Guanambi e Ceraíma, onde nasceu.
As marcas rupestres são registros de sete a 15 mil anos atrás, tesouros conectados ao passado. Há sinalações – espécie de comunicação; inscrições pectíneas – forma de pente; figurações como machadinha, faca, lua, milho; geométricas como círculos, espirais, linhas paralelas, sinuosas, cruzes com braços duplos e grades; figuras antropomórficas, as humanas, por exemplo, representações fálicas; as zoomórficas como macaco, cobra, cágado, lagarto, veados, tatus, aves. Não define quem fez os desenhos, mas explica como eram feitas as cores mais comuns: vermelha, preta, branca e amarela, sendo a azul mais rara.
Em relação aos topônimos, lista nomes de cidades e seu significado em Tupi-Guarani. Fala das lendas, dos rituais canibalescos, das cerimônias funerárias e das urnas em forma de pote com inscrições lapidares.
Na Serra Pau D’arco, em Montezuma, há desenhos em 80m² de rocha. No Bico da Pedra, em Janaúba, e na Lapa Grande, em Montes Claros, há inscrições. No magnífico Parque Nacional Cavernas do Peruaçu – ave gigante, nos municípios de Januária, Itacambira e São João das Missões há a Gruta do Janelão, com clarabóias imensas e a maior estalactite do mundo - 28 metros.
Revelando um arsenal de segredos, “mistérios e espantos” do mundo subterrâneo dos nossos ancestrais, a obra é uma preciosidade por ter importância cultural, histórica e científica.