Empreender: um caminho para se trilhar acompanhado

Kátia Leite - Analista do Sebrae Minas

28/07/2021 às 06:00.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:32

Empreender – verbo transitivo direto. Indica ação de quem faz, de quem cria, de quem tira planos e projetos do papel, por necessidade ou oportunidade. Dois caminhos que apresentam outras tantas bifurcações: a sucessão de um negócio familiar estruturado e rentável – ou não; dificuldade para se colocar no mercado de trabalho; aposentadoria acompanhada de uma reserva de energia, dinheiro disponível e filhos já criados e estabelecidos; necessidade de uma renda complementar; start para monetizar um talento; demissão inesperada ou pedido de desligamento daquele emprego que causava palpitações de ansiedade no domingo à noite. Enfim, infinitas trilhas levam à decisão de empreender um negócio. De maneira geral, os ventos são favoráveis àqueles que empreendem por oportunidade. Nesse cenário, na maioria dos casos, o empreendedor possui tempo, recursos financeiros e conhecimento e/ou contatos para levantá-los. É importante destacar que no universo do empreendedorismo não existem garantias, face a inúmeras variáveis e conjunturas que podem se interpor no caminho. Por essa razão, ter o privilégio de lançar mão dos recursos mencionados para elaborar um planejamento adequado ao modelo do negócio e aderente ao público desejado diminuem as possibilidades de a empreitada não ser bem-sucedida.  Por outro lado, a realidade é mais desafiadora para aqueles que percebem o ato de empreender como a única – e emergencial – alternativa. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego no Brasil alcançou percentual recorde no primeiro trimestre de 2021 – 14,7%, o que implica dizer que quase 15 milhões de pessoas estavam desempregadas no período.  Nessa perspectiva, um dado da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) – considerada a mais abrangente a tratar de empreendedorismo no mundo – aponta ter subido de 37,5% para 50,4% o percentual de empreendedores com até 3,5 anos de atividade, que começaram um negócio por necessidade. Esta categoria de empreendedores carece de apoio e atenção diferenciados, visto que a sua realidade está permeada por ainda mais obstáculos. Algumas possibilidades são a criação e execução de políticas públicas com foco em pequenos empreendimentos iniciais e organizações produtivas, programas de acesso facilitado a microcrédito via instituições financeiras e parcerias estratégicas entre gestores municipais, poder legislativo e instituições de apoio às micro e pequenas empresas. Muhammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006, pai do microcrédito e dos negócios sociais e uma das 50 figuras mais influentes do planeta, afirma que “todo mundo nasce empreendedor”. Alguns têm a chance de libertar esse potencial, enquanto outros nunca a terão ou terão consciência da própria capacidade. Quando as forças vivas que atuam para a promoção do desenvolvimento econômico local se unem, elas auxiliam na liberação das potencialidades de um empreendimento iniciado por necessidade, permitindo que os empreendedores acessem oportunidades e se estabeleçam. A trilha do empreendedor, ainda que íngreme e repleta de intempéries, fica mais leve quando se tem companhia e suporte para dividir a bagagem. Com isso, toda a cadeia produtiva de valor ganha, os negócios passam a ter relevância social e econômica e a sociedade é beneficiada pela geração de empregos, renda e empreendimentos capazes de fomentar um ciclo virtuoso de produtividade.

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