A boa notícia da chegada da vacina no Brasil e a vacinação que trouxe proteção para parte dos cidadãos ainda não se traduziram em dias melhores. A luz continua lá no final do túnel, e o vírus, tal qual um camaleão, transmuta em mil e uma versões de si mesmo para promover contra-ataques que se tornam cada dia mais nocivos.
Enquanto isso, segue a polêmica do direito particular versus o direito coletivo, não apenas relacionados a comportamentos, mas agora também em relação à compra de vacinas e à imunização de grupos que estão fora dos critérios do que são considerados como prioritários.
Aliado a tudo isso, temos ainda a briga entre informação e desinformação. Embora a humanidade siga avançando no sentido de proteger os mais vulneráveis, as perdas se avolumam e as estatísticas provam que o vírus permanece vencendo a guerra. Talvez, a chegada da vacina tenha feito a sociedade acreditar que tudo havia passado, que uma nova realidade se descortinava e, então, muitos jogaram no lixo as lições aprendidas em um longo ano, marcado por medo, isolamento.
A guerra ainda mais acirrada, a luta constante pela vida, por sua vez, fizeram com que a solidariedade se solidificasse como ferramenta essencial para sobrevivermos a dias tão tenebrosos. Se a segunda onda trouxe um vírus ainda mais letal, trouxe também uma nova onda de amor, que apesar de muitas vezes precisar ser praticado a distância, com beijos e abraços virtuais, não arrefeceu e mostrou que nunca foi modismo da era pandêmica.
É preciso nos conscientizarmos de que a pandemia ainda não ficou para trás e que as lições do passado são importantes, não apenas para darmos os próximos passos, mas, sobretudo, para que possamos nos proteger uns aos outros. É preciso olhar para frente e acreditar em dias melhores? É fundamental, e é, sem dúvida, o passo mais importante para que possamos resistir e sobreviver.
A vacina nos faz crer nesse amanhã, em que a perda de vidas deixarão de fazer parte do cotidiano. Esse é o grande sonho...
Até que esses dias de paz cheguem, precisamos seguir nos protegendo e protegendo quem segue conosco, não apenas por nós mesmo, mas também por respeito a todos aqueles que perderam suas vidas nessa guerra. Respeito, essa é a palavra de ordem para cada batalha a ser enfrentada, em quantas ondas vierem.