O direito à moradia consta na Constituição Federal como fundamental. Em Montes Claros, a prefeitura entregou as chaves de casas no conjunto residencial Monte Sião IV para 393 famílias que viviam em situação de risco em vilas da cidade. Mudança pronta, ao abrirem as portas das residências, os moradores se depararam com situação que quase lembra a canção “A casa”, do poeta Vinicius de Moraes. Embora ao contrário da canção as casas tenham teto, parede, faltam nelas dois “combustíveis” essenciais para uma vida digna: não há água nem energia.
A falta dos recursos essenciais é resultado da pressa do município em entregar o empreendimento, para cumprir o prazo que permite inaugurações de obras públicas, por ser ano eleitoral. A situação levou os novos moradores a protestarem na Câmara de Vereadores, exigindo uma solução. Com baixa renda, muitos idosos, outros com famílias numerosas, eles foram informados de que terão de fazer os pedidos de ligação junto à Cemig e à Copasa, responsáveis pela prestação dos serviços. Uma medida poderia ser tomada pelo poder público municipal para aliviar o sofrimento destas famílias, que vêm sendo obrigadas a percorrer longas distâncias para buscar água, muitas delas a pé.
Ouvir os moradores e buscar uma solução junto às duas companhias poderia ser uma saída. Uma vez que os moradores, castigados pela baixa renda e as condições precárias de vida, não teriam sido informados sobre a carência de água e luz nas moradias. Imaginavam recebê-las com água jorrando nas torneiras. Receberam sim um presente, mas de grego, pois, tendo em vista o protesto realizado, o novo lar traz agora uma dor de cabeça para as famílias.