E o ano começa com os reflexos da pandemia pipocando por todos os cantos. No Brasil, os estragos econômicos provocados pela necessidade de isolamento social, lockdowns e perda de renda do consumidor já mostram as garras até para as grandes empresas. Que dirá então para o trabalhador.
Ontem, o Banco do Brasil anunciou um programa de demissão voluntária e o fechamento de agências. São dois programas de desligamento voluntário com a previsão de adesão de cerca de 5 mil funcionários. Em consequência, 361 unidades – 112 agências, sete escritórios e 242 postos de atendimento – serão fechados no primeiro semestre deste ano.
E as broncas não param por aí. Após um século de atuação no país, a Ford anunciou ontem também que fechará suas fábricas em território brasileiro. Cerca de 5 mil funcionários devem ficar desempregados. A montadora mantinha fábricas em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), para carros da Ford, e em Horizonte (CE), para jipes da marca Troller.
E esse cenário sombrio fica ainda mais pesado com a inflação galopante em 2020, e que não deve ceder ainda em 2021. Montes Claros registrou um IPC anual de 8,41% – bem superior aos 5,37% anotados em 20219. O índice nos 12 meses do ano passado ficou em quase o dobro do projetado pela equipe econômica (4,39%).
No ano da pandemia, do desemprego, da renda reduzida, os alimentos dispararam e muitas famílias tiveram que rever os gastos e o cardápio diário. O arroz foi a preços estratoféricos, o feijão acompanhou o amigo inseparável no prato tupiniquim. O óleo de soja assustou quem foi às compras, sem falar na carne de boi, nos legumes e frutas.
Em dezembro, por exemplo, o preço da banana explodiu: variação de 22,95%. Nem podemos mais utilizar a comparação “a preço de banana” como antes. E a previsão é a de que o dragão (símbolo da inflação), que tem soprado o fogo pelas ventas com tanta força, continue indomável, pelo menos no primeiro semestre desse “novo” 2021. Novo ano, mas com problemas velhos.