As imagens da lama varrendo e soterrando tudo pelo caminho ainda estão vivas na mente dos brasileiros. A tragédia nunca será esquecida por aqueles que perderam filhos, pais, mães, irmãos e irmãs, familiares de perto e de longe, amigos... A tragédia se mantém viva também na mente daqueles que perderam suas casas ou precisaram, da noite para o dia, abandonar suas vidas com medo de perdê-las por completo.

Já se vão mil dias da tragédia que mostrou o quanto a busca pelo lucro desenfreado pode ser nociva à vida. Por outro lado, a lama que soterrou vidas trouxe à tona a relevância do trabalho dos bombeiros, heróis incansáveis, que ainda hoje buscam encontrar vestígios de quem perdeu a vida no local para dar um alento às famílias, que se não têm mais o ente querido por perto, quer enterrá-lo dignamente.

Os mil dias e as quase 300 vítimas que perderam suas vidas, bem como os bombeiros e todas as famílias que deixaram suas vidas para trás fugindo da insegurança das barragens foram lembrados através de homenagens pelo Brasil.

Mais do que homenagem, as famílias que perderam seus entes querem mesmo é justiça. Quem perdeu suas casas quer sua vida de volta e toda a sociedade quer leis mais rigorosas, sobretudo, leis que funcionem para que novas tragédias como a de Brumadinho não se repitam, não se naturalizem.

Todos querem não apenas punição para aqueles que foram negligentes com tantas vidas, mas segurança: querem barragens que não afundem cidades inteiras e gestores conscientes, responsáveis e que jamais coloquem a questão financeira à frente do ser humano.

A maior e melhor homenagem é fazer com que Brumadinho deixe de ser apenas uma tragédia estampada em jornais e passe a ser uma marco da segurança na mineração. Só assim a fome sangrenta por ganhos e mais ganhos nunca mais roubará sonhos, nem ceifará vidas.

Que os responsáveis por elaborar as leis, por trazer essa segurança, sejam capazes de ouvir, em seus corações e em suas mentes, as vozes emudecidas pela lama, pois só assim tanto eles quanto toda a sociedade conseguirão seguir em paz.

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