Essa música me vinha à cabeça, quando debruçada na janela do casarão, observava tudo o que se passava do outro lado da rua. Bem em frente, em outro casarão, com 04 janelas que mais parecem portas, tendo uma grade bem trabalhada, em uma obra de arte, vejo um salão bem iluminado, com vários casais dançando. Não dá para ouvir a música, mas percebo que é uma música romântica, um bolero ou samba canção, pelo jeito como os casais dançam abraçados, à moda antiga.

Estou no segundo piso e se olho para baixo, para a rua, apesar de já ser muito tarde da noite, muitas mesinhas com casais e grupos de pessoas, alguns bebendo, outros namorando. Se olho mais para a direita, dá para ver a ladeira onde se realiza a vesperata e mais ao longe, o Grande Hotel, que já teve seus momentos de glória (já me hospedei nele várias vezes).

À esquerda, está o Café JK, com as mesmas janelas que parecem portas na parte superior que se encontram fechadas. Em frente, uma ruazinha estreita que mais parece um beco, cheia de mesinhas com pessoas que bebem.

De onde eu estou debruçada na janela, uma banda composta de um cantor e um percussionista toca e canta músicas de Elvis Presley e um grupo animado dança e canta também. É a turma que comemora 36 anos de formatura do Curso de Odontologia.

Estou em Diamantina, acompanhando minha filha que faz parte dessa turma que apesar de tantos anos continuam amigos, quase irmãos. Só havia em Diamantina o Curso de Odontologia, que era o grande must da cidade. Todos os estudantes que ocupavam as repúblicas lá estudavam. Hoje é diferente: já há um campus com muitos cursos.

Mas o que essa turma viveu, é incomparável As dificuldades os uniram e por esse motivo se tornaram tão amigos, mesmo após tantos anos, todos mais maduros, com muitas experiências, com famílias (filhos, esposas ou maridos), mas quando se encontram, é como se voltassem àqueles tempos de Faculdade.