Tomo o avião com destino a BH para seguir no dia seguinte a Ouro Preto, onde acontecerá o ENCONTRO CIENTÍFICO E CAPACITAÇÃO DE CUIDADORES NA ÁREA DE DORES, PERDAS E LUTOS. Esse Encontro reúne os coordenadores dos grupos da Rede API – apoio a perdas irreparáveis. Coordeno um grupo em Montes Claros, desde 2016, onde acolhemos pessoas enlutadas em reuniões mensais.

Chego em Belo Horizonte e vou me encontrar com meu filho que recebe sobrinhos pequenos que foram assistir ao jogo do Brasileirão entre Cruzeiro e Flamengo, presente de aniversário de um deles, cruzeirense. Como todos irão ao Mineirão, vou também. É a primeira vez que entro ali, Uma coisa é ver o jogo na TV e outra, assistir ao vivo no Estádio. Observo as pessoas em volta, gritos, batucadas, multidão quase em transe com a entrada dos jogadores. Atrás de mim, só ouço vozes gritando: - “Vai, vai...” Na hora do Hino Nacional, muita fumaça azul. Os jogadores entraram de mãos dadas com mulheres de blusa rosa por causa do Outubro Rosa, no lugar de crianças. De repente o Flamengo marca um gol e depois outro. Os cruzeirenses do meu lado ficam tristes e “murchos”. A torcida que aplaudia o time da casa, agora vaia e fala palavrões endereçados ao time do coração.

Dia seguinte viajo para Ouro Preto. Deixei um clima de quase 40 graus e agora enfrento frio e chuva. Tanta neblina que não dá para ver as casas e ruas. Pessoas de várias partes do país e até do exterior através de vídeos. Muitas palestras profundas abordando a dor do luto e muitos testemunhos vivos de dor pelas perdas e o recomeço de todos que se pronunciaram, porque abraçaram alguma causa.

Terminado o Encontro, volto para Belo Horizonte e encontro meu filho e parentes em pleno sol, em um torneio de Beach Tênis que o irmão de minha nora participa.

Em um fim de semana, fui de Mineirão ao Beach Tênis, do sol ardente ao frio e chuva, mas cheguei ilesa dessa incrível maratona.