Ao saber da triste notícia da partida de Nancy, vieram-me à mente as palavras de Lia Luft, que também faleceu em dezembro de 2021:

 

“Estamos todos na fila. A cada minuto alguém deixa esse mundo pra trás. Não sabemos quantas pessoas estão na nossa frente. Não dá para voltar para o fim da fila. Não dá para sair da fila. Nem evitar essa fila...”

 

Chegou a vez de Nancy, o que deixou muita tristeza e a Academia Feminina de Letras, de luto.

 

Era década de 60. Eu era primeira dama da cidade de São Francisco e criei lá uma entidade “Sociedade Beneficente Feminina”. Um belo dia recebo a visita de uma assistente social, presidente da LBA em Montes Claros: Nancy França Andrade. Bonita, elegante, simpática ao extremo, com um sotaque puxando um pouquinho no xis. Foi um amor à primeira vista. Nos encantamos uma pela outra, com objetivos tão comuns e parecidos. Trabalhamos juntas durante algum tempo.

 

Muitos anos depois nos reencontramos nas andanças literárias da Academia Feminina de Letras. A amizade nascida há tanto tempo, recruscedeu e vi nela a mesma pessoa de antes, sempre meiga, sempre amável, sempre simpática, sempre elegante, sempre bonita.

 

Em 2016 escrevi um livro: “Retalhos de minha vida” e quis lançá-lo para a família e confreiras da Academia Feminina. Teria que escolher alguém para apresentar o meu livro. Alguém que conhecesse minha história. E convidei Nancy, que numa bela página, falou sobre minha vida e meu novo livro. Sempre meiga, sempre amável, sempre simpática, sempre elegante, sempre bonita.

 

Guardo um recorte de suas palavras na ocasião: “A escritora mantendo a narrativa leve, agradável, sem preocupações com ordem cronológica dos fatos, vai nos conduzindo pelos meandros de sua trajetória, revelando ao leitor os costumes, os valores, as tradições das famílias barranqueiras daquelas décadas passadas Sempre presente é a determinação e a lucidez desta guerreira que em muitas ocasiões se percebeu diante de escolhas difíceis e todas as vezes optou pela família.”

 

Vejo-a ali agora no seu leito fúnebre, tão serena, tão tranquila. Para sempre meiga, sempre amável, sempre simpática, sempre elegante, sempre bonita.