Alexandre FonsecaJornalista, mestre em literatura e doutorando em literatura

Taxonomia amorosa

Publicado em 03/02/2023 às 22:19.

Assim como nas ciências biológicas, que detém de uma classificação científica para catalogar os sérios vivos, acredito que, se tratando de experiências amorosas, também exista uma espécie de taxonomia aplicável a nós, seres humanos. Acolho a ideia da existência de dois grandes grupos de seres humanos: os que tiveram o coração partido e aqueles que não tiveram. Por sua vez, esses grupos possuem subdivisões, como aqueles que decidiram não ter o coração abalado. 

No primeiro grupo, temos aqueles que passaram por alguma experiência amorosa. De certa forma, tentaram fazer “dar certo” alguma relação, caso, paquera, affair ou romance. Até mesmo um namoro prodigioso, um noivado ou casamento. Porém, algo não planejado ocorreu – afinal, ninguém se relaciona na “esperança” de terminar. Nem mesmo os mais masoquistas. Daí, a partir dessa experiência, brotam novas ramificações na catalogação: os que decidem tentar novamente, mesmo abalados e desacreditados no amor; e aqueles que se fecham para o mundo. Geralmente, estes últimos acreditam fielmente que, ao se fecharem para o amor, não serão mais magoados. E estão corretos. Afinal de contas, não perde aquele que não joga; porém, também não ganha: vira jogo nulo. Os outros, os que tentam apesar de toda dor, são os donos do mundo. Por que apesar de todo o sofrimento e mágoa, eles decidem acreditar nos recomeços e na magia advinda disso. 

O segundo grupo, formado por aqueles que ainda possuem o coração intacto, também temos ramificações – primeiro, pessoas que ainda não passaram por alguma experiência amorosa significativa; e segundo por aqueles que decidiram não se arriscar. Estes últimos, ao contrário da ramificação do primeiro grupo, simplesmente, decidiram não tentar mesmo sem nenhuma dor ou experiência traumática. 

Geralmente, estes últimos acreditam fielmente que, ao se fecharem para o amor, não serão mais magoados. E estão corretos. Afinal de contas, não perde aquele que não joga; porém, também não ganha: vira jogo nulo.

Sobre tudo isso, será que Carly Simon estava certa em “Coming Around Again” quando ela cantou que existe mais espaço dentro de um coração partido? Será que, realmente, podemos escolher passar incólumes as experiências amorosas? Aliás, será que vale a pena se esquivar de tudo isso? Assim como qualquer outro músculo, os baques fazem nosso coração se tornar mais forte e preparado. É tudo o que temos. 

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