Trintar é um verbo intransitivo. Acredito que fazer 30 anos tem certo peso, porque as outras idades não possuem um verbo. Eu trintei. Tu trintaste. Ele trintou. É. Um verbo faz sentido para essa fase, porque sinto que estou passando por uma nova “puberdade”, por causa das mudanças. Não sou mais o mesmo e que bom que isso aconteceu! Envelhecer e não mudar é o preço que os idiotas pagam. Trintar tem textura e cor. Me olho no espelho e minha saudosa barba preta, agora, parece um céu riscado de caldas de cometas. Confesso que o aparecimento dos fios brancos me assustou, porque eles balizam uma coisa que quase sempre ignoramos: tudo muda. Quando ponho alguns anéis, me sinto um astrólogo ou um alquimista buscando a pedra filosofal em meio ao caos do cotidiano.
A textura da pele não é mais a jovialidade, apesar de me cuidar bastante. De acordo com a literatura médica, nosso corpo tem uma queda brusca na produção de colágeno a partir dos 25 anos! Intensifico os cuidados com a pele, porém, não quero o rosto que outrora foi meu. Creme nenhum me dará isso, além do mais, cada marca de expressão que começa a aparecer é como uma medalha por estar aqui, vivo, respirando.
São tantas nuances para esta coisa chamada trintar, que para o leitor amigo, pode parecer exagero. Porém, tento buscar uma resposta para essa pieguice na astrologia, pois tenho Lua em Escorpião. E o que dizem sobre essas pessoas é que elas sempre estão, ainda que sem perceber, examinando a essência humana em uma incessante jornada para compreender a si mesma e aos outros. É como se estivesse constantemente reavaliando suas convicções. Somente ao ser autêntica e corajosa para explorar os caminhos rumo ao autoconhecimento, ela encontrará verdadeiro conforto.
Antes de terminar, gostaria de dizer que envelhecer não é somente sobre perder. É muito mais sobre ganhar. É ganhar mais coragem, mais desprendimento, mais autenticidade. É mais ser si próprio, do que a imagem refletida dos outros.
Em breve, o sol chegará na casa de Leão. Depois, teremos agosto e, finalmente, setembro com as boas novas pelos campos, fazendo renascer o perdão. Que venham os mistérios das novas idades e que eu consiga decifrar cada um deles.
Adeus, Alexandre de 29. Te amo.