Um dia, você vai interfonar para o meu apartamento e pedir para entrar. “Por favor, gostaria de falar com o rapaz do 102”, dirá ao meu porteiro. Na verdade, até lá, talvez eu nem seja mais esse rapaz desse número; talvez seja de outro: porém, estarei lá, te esperando, como quem espera o fim de uma novela das seis. Enquanto você não bater na minha porta, meu coração ficará ansioso.
O que oferecer quando alguém bater à nossa porta à procura de amor? Não vou mais oferecer poesias, porque isso soa démodé. E tomara que você não tenha o mesmo gosto literário que o meu, porque quero aprender a ler outras coisas. Mas, um dia, você baterá na minha porta à procura de mim e das minhas palavras.
Alguém bate à porta do meu apartamento. Abro e vejo-o. A partir desse dia, talvez eu seja algo novo. Queria que você viesse numa manhã de sábado daquelas com sol lindo e cheiro de roupa de cama recém trocada. Nos deitaremos e você me dirá o quanto foi difícil me encontrar.
O que se oferece quando alguém chega renovado, querido leitor? Me digam, por favor, abro espaço para uma conversa amiga. O que vocês oferecem quando alguém bate à porta de vocês num sábado procurando encostar a vida dele na sua?
Uma vez, li que a coisa mais profunda que podemos dar a outra pessoa é a nossa própria solidão. Mas, solidão a dois não faz frio? Quem os aquecerá? A chama sagrada daquilo que chamam de... amor?
Eu sei, eu sei, eu sei. Tudo o que escrevi até aqui soa piegas demais para ser lido sem fazer cara de “do que ele está falando?”. Mas, uma dose de breguice é fundamental.